ATA DA CENTÉSIMA QUADRAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO
ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM
21.11.1990.
Aos vinte e um dias do mês de novembro do ano de mil
novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a
Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Centésima Quadragésima Segunda Sessão
Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às
quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella,
Clóvis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli,
Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol,
Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, José Alvarenga, José Valdir, Lauro
Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Nelson
Castan, Omar Ferri, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Valdir Fraga, Wilson
Santos, Wilton Araújo e Adroaldo Correa. Constatada a existência de “quorum”, o
Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Ervino Besson
que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário
procedeu à leitura das Atas da Centésima Quadragésima Primeira Sessão Ordinária
e da Trigésima Sétima Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA foram
encaminhados: pelo Ver. Airto Ferronato, 01 Pedido de Providências; 01 Emenda
ao Projeto de Lei do Executivo nº 50/90 (Processo nº 1956/90); pelo Ver. Edi
Morelli, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Ervino Besson, 01 Pedido de
Providências; pela Verª. Letícia Arruda, 01 Indicação; pelo Ver. Valdir Fraga,
01 Projeto de Resolução nº 53/90 (Processo nº 2373/90); pelo Ver. Wilson
Santos, 01 Pedido de Providências. Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios nºs 219 e
220/90, do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre; s/nº, do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais, Porto Alegre. Às quatorze horas e vinte minutos, o Sr.
Presidente suspendeu os trabalhos, nos termos do artigo 84, II do Regimento
Interno. Às quatorze horas e trinta minutos, foram reabertos os trabalhos,
constatada a existência de “quorum”. A seguir, o Sr. Presidente informou que o
Grande Expediente da presente Sessão seria dedicado a homenagear a Sociedade
União Israelita Portoalegrense, pela passagem de seus oitenta anos de fundação,
e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e
personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre; Prof. Boris Weinstein, Presidente da
Sociedade União Israelita Portoalegrense; Dr. Israel Lapchick, Presidente do
Conselho de Entidades Judaicas do Rio Grande do Sul; Dr. Samuel Burd,
Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; Dr. Marcos Stifelman,
Presidente do Conselho Administrativo da Sociedade União Israelita
Portoalegrense; Ver. Lauro Hagemann, 1º Secretário da Casa. Após, o Sr.
Presidente pronunciou-se acerca da presente solenidade, comentando a
importância da Sociedade União Israelita Portoalegrense dentro da atual sociedade,
marcada pelas constantes transformações religiosas, políticas e sociais, e
concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Isaac
Ainhorn, como Autor da proposição e em nome das Bancadas do PDT, PSB, PTB e PL,
lendo a primeira Ata escrita quando da fundação da Sociedade União Israelita
Portoalegrense, discorreu sobre o papel representado por essa Entidade,
primeiramente através da acolhida de imigrantes judeus e, na época atual,
através da assistência religiosa e social à comunidade. O Ver. Flávio Koutzii,
em nome da Bancada do PT, declarando ser a Sociedade hoje homenageada marcada
fundamentalmente pela atividade religiosa, analisou a importância da religião
para a preservação das tradições e da cultura de um povo. O Ver. Lauro Hagemann,
em nome das Bancadas do PCB e do PFL, teceu comentários sobre o significado da
comemoração dos oitenta anos da Sociedade União Israelita Portoalegrense,
discorrendo sobre a história do povo judeu e augurando por uma convivência cada
vez mais fraterna, através da constante luta contra a discriminação, entre
todos os cidadão porto-alegrenses. E o Ver. João Dib, em nome da Bancada do
PDS, declarando ser o amor a base da constituição da Sociedade União Israelita
Portoalegrense, disse esperar que seja dada continuidade ao trabalho dessa
instituição, de apoio religioso e fraternal a todos os seus integrantes. Em
continuidade, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Prof. Boris Weinstein, que
discorreu sobre os objetivos que levaram à fundação da Sociedade União
Israelita Portoalegrense e agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Após, o
Sr. Presidente agradeceu a presença de todos e suspendeu os trabalhos às quinze
horas e cinco minutos, nos termos do artigo 84, II do Regimento Interno. Às
quinze horas e onze minutos, constatada a existência de “quorum”, foram
reabertos os trabalhos e iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação
foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 16/90 e as Emendas
de nºs 01, 02, 03, 04 e a Subemenda à Emenda nº 01 a ele apostas, declarando-se
prejudicados a Emenda nº 05, pela aprovação da Emenda nº 01 e o destaque
solicitado pelo Ver. Giovani Gregol para a votação desta Emenda. O Projeto de
Lei Complementar do Legislativo nº 16/90, as Emendas e a Subemenda a ele
apostas foram discutidos pelos Vereadores Giovani Gregol, Leão de Medeiros e
Airto Ferronato e encaminhados à votação pelo Ver. Wilson Santos. Durante o
processo de votação desse Projeto, foram apregoadas a Subemenda à Emenda nº 01
e as Emendas nºs 03 e 05, de autoria do Ver. Décio Schauren, e a Emenda nº 04,
de autoria dos Vereadores Décio Schauren e João Motta, todas apostas ao Projeto
de Lei Complementar do Legislativo nº 16/90, e foram suspensos os trabalhos por
dezenove minutos, nos termos do artigo 84, III do Regimento Interno. Após, o
Sr. Secretário leu decisão da Casa acerca de Requerimento de autoria dos
Vereadores Isaac Ainhorn, João Dib e Leão de Medeiros, solicitando arquivamento
do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 23/90. Na ocasião, o Ver.
Artur Zanella formulou Questão de Ordem acerca da decisão da Presidência e
Parecer da Auditoria relativo ao Requerimento que solicitava arquivamento do
Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 23/90, acima referido, e
solicitou cópia desse Requerimento, bem como do Parecer exarado pela Auditoria
da Casa. Também, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores
Luiz Braz, José Valdir e Adroaldo Correa, acerca da decisão da Presidência
quanto ao Requerimento de autoria dos Vereadores Isaac Ainhorn, João Dib e Leão
de Medeiros, acima referido. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de
Lei Complementar do Legislativo nº 18/90 que, após ter sido discutido pelos
Vereadores Artur Zanella, Elói Guimarães, João Dib, Giovani Gregol e Adroaldo
Correa, deixou de ser votado face ao encaminhamento à Mesa, pelo Ver. João Dib,
de Substitutivo a esse Projeto. Ainda, foram apregoadas as Emendas apostas a
esse Projeto de nºs 01 e 02, de autoria do Ver. Artur Zanella, e a Subemenda à
emenda nº 02, de autoria do Ver. Vieira da Cunha. Na ocasião, o Sr. Presidente
respondeu Questão de Ordem do Ver. Artur Zanella, acerca das Emendas acima
referidas, apostas ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 18/90. Em
Votação, foi aprovaddo o Projeto de Lei do Legislativo nº 80/90, por vinte e
quatro Votos SIM contra um Voto NÃO e duas ABSTENÇÕES, após ter sido
encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib, Artur Zanella, Lauro Hagemann,
Edi Morelli, Dilamar Machado, Airto Ferronato, José Valdir e Wilson Santos,
tendo sido submetido à Votação nominal a Requerimento verbal, aprovado, do Ver.
José Valdir, deferido pelo Sr. Presidente. Ainda, foram aprovados os seguintes
Requerimentos: do Ver. Adroaldo Correa, solicitando que o Projeto de Lei do
Legislativo nº 80/90 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício
para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data; do Ver. Edi
Morelli, solicitando a renovação da votação do Substitutivo nº 01 do Projeto de
Resolução nº 02/89, este por dezoito Votos SIM contra oito Votos NÃO, tendo
sido encaminhado à votação pelos Vereadores José Valdir, Luiz Machado e Artur
Zanella e submetido à votação nominal por solicitação do Ver. Wilton Araújo; do
Ver. Flávio Koutzii, solicitando a realização de Sessões Extraordinárias com o
objetivo de votar no próximo dia vinte e três de corrente os Processos nºs 2284
e 2285/90; do Ver. Gert Schinke, solicitando que o Grande Expediente da Sessão
Ordinária do dia doze de dezembro do corrente ano seja dedicada a homenagear
Chico Mendes para constituir um momento de vigília, face ao julgamento que
estará sendo realizado nesta data, em Xapuri-Acre; do Ver. João Motta,
solicitando que os Projetos de Lei do Executivo nºs 71 e 72/90 sejam
considerados em regime de urgência e submetidos à reunião conjunta das
respectivas Comissões; do Ver. José Valdir, solicitando que seja manifestada a
solidariedade desta Casa à luta do Magistério Público Estadual contra a falta
de seriedade com que o atual Governo do Estado vem tratando as questões
educacionais e salariais da categoria, descumprindo os compromissos firmados no
término da última greve; do Ver. Leão de Medeiros, solicitando que o Projeto de
Lei Complementar do Legislativo nº 16/90 seja dispensado de distribuição em
avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta
data; da Verª. Letícia Arruda, de Moção de Apoio à Comissão Parlamentar de
Inquérito que investiga a origem das ossadas encontradas em valas clandestinas
no Cemitério Dom Bosco, Bairro de Perus, SP, a fim de apurar os responsáveis
por esse hediondo crime contra os direitos humanos; do Ver. Luiz Machado,
solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 161/90 seja considerado em
regime de urgência e submetido à reunião conjunta das respectivas Comissões.
Após, foi apregoado Requerimento do Ver. José Alvarenga, solicitando que o
período do Grande Expediente do dia vinte e oito do corrente seja dedicado à
campanha pela libertação dos presos políticos, Colonos Sem Terra, Otávio
Amaral, José Govalski, Idono Bento e Augusto Moreira, acusados de matarem um
soldado da Brigada Militar, em conflito ocorrido no mês de agosto deste ano, o
qual deixou de ser votado face a Requerimento do Ver. Vicente Dutra, aprovado
pela Casa, solicitando que esse Requerimento do Ver. José Alvarenga seja
encaminhado à Comissão de Justiça e Redação, para estudo da legalidade da
expressão “presos políticos”, constante do referido Requerimento. Este
Requerimento, do Ver. Vicente Dutra, foi aprovado por doze Votos SIM contra dez
Votos NÃO, após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores José Alvarenga
e Vicente Dutra e submetido à votação nominal por solicitação do Ver. Artur
Zanella. Ainda, foi apregoado Requerimento do Ver. Décio Schauren, solicitando
que o Projeto de Lei do Executivo nº 60/90 seja considerado em regime de
urgência e submetido à reunião conjunta das respectivas Comissões, o qual, após
ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Vicente Dutra e Giovani Gregol,
deixou de ser votado face à inexistência de “quorum”. Na ocasião, o Sr.
Presidente respondeu Questão de Ordem dos Vereadores João Dib, Vicente Dutra,
Antonio Hohlfeldt e José Alvarenga, acerca do Requerimento do Ver. José
Alvarenga, acima referido. Às dezoito horas e quarenta e um minutos, foi efetuada
nova verificação de “quorum”, por solicitação do Ver. Vicente Dutra e,
constatada a inexistência de “quorum” para a Ordem do Dia, o Sr. Presidente
declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a
Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos
pelos Vereadores Valdir Fraga e Isaac Ainhorn e secretariados pelo Ver. Lauro
Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo
Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE
(Valdir Fraga): Estão abertos
os trabalhos da presente Sessão.
O Grande Expediente será dedicado a homenagear
a Sociedade União Israelita Porto Alegrense pela passagem dos seus 80 anos de
fundação, a requerimento do Ver. Isaac Ainhorn.
Vamos suspender a Sessão por cinco minutos.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h20min.)
O SR. PRESIDENTE (às 14h30min): Estão
reabertos os trabalhos da presente Sessão.
Passamos ao
Convidamos as autoridades para fazerem parte
da Mesa: Professor Boris Weinstein, Presidente da Sociedade União Israelita
Porto Alegrense; Dr. Israel Lapchick, Presidente do Conselho de Entidades
Judaicas do Rio Grande do Sul e o Dr. Samuel Burd, Presidente da Federação
Israelita do Rio Grande do Sul; Dr. Marcos Stifelman, Presidente do Conselho
Administrativo da Sociedade União Israelita Porto Alegrense.
Abrimos este espaço nesta Sessão para fazer um
registro muito grato a toda comunidade rio-grandense que é o transcurso dos 80
anos de fundação da Sociedade União Israelita Porto Alegrense que, ao longo de
sua profícua existência, ajudou a criar entidades que atualmente constituem-se
em instituições plenas de credibilidade e de admiração da nossa gente.
Concedemos a palavra ao Ver. Isaac Ainhorn,
autor da proposição.
Antes, porém, gostaríamos de convidar, para
fazer parte da Mesa, o Sr. Marcos Stifelman, Presidente do Conselho da
Sociedade União Israelita.
(O Sr. Marcos Stifelman ocupa um lugar junto à
Mesa.)
O SR. ISAAC AINHORN: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. (Lê nominata dos componentes da Mesa.)
Honra-me muito, Sr. Presidente, nesta
oportunidade em que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre homenageia a
Sociedade União Israelita Porto Alegrense, por ocasião da passagem dos seus 80
anos de existência, falar em nome da Bancada do meu Partido, o Partido
Democrático Trabalhista - PDT -, da Bancada do Partido Socialista Brasileiro -
PSB - e da Bancada do PL. (Lê.):
“Todo o homem teme o desconhecido. Talvez,
nesta afirmação, esteja contido o maior temor do emigrante quando chega ao país
que o abriga. Ele teme o futuro, estranha os costumes, sente terrível saudade
de sua terra e do que deixou em busca de um mundo melhor.
Feliz, no entanto, aquele emigrante que chega
e já pode ser abraçado por outros pioneiros que, à custa dos mais ingentes
esforços, lutas e sacrifícios, ergueram um templo de amor e de ternura, mas
acima de tudo um local onde pudessem cultuar as milenares tradições religiosas
do povo judaico - a Sinagoga - e um terreno sagrado onde pudessem enterrar seus
corpos.
Este, sem dúvida, o maior papel que realizou,
no passado, e põe em prática até nossos dias, a União Israelita Porto
Alegrense. Construída pelo idealismo de poucos, em 1910, pôde a entidade dar ao
judeu, que chegava a nossa Cidade, um local onde poderia fazer suas orações e
preservar a memória de cinco mil anos de história, mantendo uma tradição que
até nossos dias mantém vivo o povo judeu, diferentemente da maior parte dos
povos da antiguidade que desapareceram na poeira do tempo.
Na Sinagoga, poderiam os judeus manter sua
religiosidade e a permanente lembrança da história do cativeiro do Egito à Saga
dos Macabeus.
Num país novo e jovem como o nosso, que dentro
de poucos anos recém comemorará quinhentos anos de existência, uma instituição
de oitenta anos, que preserva uma tradição de mais de cinco mil anos, se torna,
com justiça, merecedora desta homenagem.
Quando hoje se observa a solidez de sua sede e
de suas atividades religiosas, culturais e de assistência, deve recordar-se
daquele longínquo 5 de outubro de 1910, quando, na residência do Sr. Marcos
Burd, realizou-se a primeira reunião, onde se lançou a sede da mais antiga e
maior sinagoga do Rio Grande do Sul e indicou-se o local do cemitério para
enterrar seus mortos, dentro do acendrado respeito dos judeus por seus entes
queridos que deixam a vida.
Devo ressaltar aqui, com respeito e profunda
gratidão, a constante saga, a diuturna luta, a contínua prova de desprendimento
e de amor de alguns poucos e do apoio de muitos, que transformaram em oito
décadas, a feliz realidade que é hoje a União Israelita Porto Alegrense.
Folheio, com respeito e admiração, as laudas
da Primeira Ata, que singelamente diz: ‘Foi fundada a primeira Sociedade
Israelita de Porto Alegre com o nome de ‘União Israelita’, em casa do Sr.
Salomão Levy, na Rua Marechal Floriano, esquina da Rua General Andrade Neves
(ao lado da Empresa Telefônica, em construção)’.
Estes são registros de uma memória, de uma
memória de oitenta anos, mas cuja memória é importante preservar e, aqui, nesta
singela Ata que hoje ainda a Sinagoga da União Israelita Porto Alegrense
guarda, mantém-se viva exatamente essa que foi a primeira sinagoga no Rio
Grande do Sul e, talvez, não posso dizer com certeza e convicção, mas uma das
primeiras sinagogas do nosso País, o Brasil. Contém este livro, continua a Ata
manuscrita, ‘46 folhas e 92 páginas, sendo todas as folhas por mim rubricadas’
- ‘por mim rubricadas’, evidentemente pelo secretário à época – ‘numa ou nas
duas...’ (Continua a leitura até Assis Litvin.) Muitos deles, hoje, aqui, nos
honrando com a sua presença. ‘São todos os que...’ (Continua sua leitura até o
fim.)” (sic)
A homenagem da Câmara de Vereadores de Porto
Alegre e, por extensão, a homenagem da cidade de Porto Alegre que tem orgulho
de abrigar, já por oitenta anos, esta Sinagoga da União Israelita Porto
Alegrense. À comunidade judaica e, sobretudo, aos dirigentes desta Entidade,
mais uma vez, a saudação da Câmara de Vereadores, lídima representante política
dos cidadãos desta Cidade. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a
palavra o Ver. Flávio Koutzii, que fala pela sua Bancada o Partido dos
Trabalhadores - PT.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. (Lê a nominata dos componentes da Mesa.) Em nome
do Partido
dos Trabalhadores e em meu nome próprio penso que este é um
encontro singelo e simples que registra, marca e sublinha uma coisa que é um
pouco mais importante à primeira vista que seria o registro de oitenta anos de
existência da Sociedade União Israelita Porto Alegrense.
Acho que o Ver. Isaac Ainhorn já historiou e
fez os registros que eu não penso repetir. Quero agregar o que me parece ainda
útil que é chamar atenção para dois aspectos: primeiro, sendo uma entidade
marcada, fundamentalmente, por preocupações de ordem religiosa, teve um papel
essencial e fundamental, naquilo que todos nós compreendemos cada vez melhor,
que é o fato, que é inseparável de uma cultura em que é condição para a
preservação de uma identidade, a capacidade de se sustentar as tradições, de
defender valores que são próprios a uma comunidade, especialmente uma
comunidade como a judaica, historicamente ameaçada, multiplamente agredida e se
é como é e tem um papel singular na nossa humanidade, conseguido preservar-se
ao longo de milhares de anos, é absolutamente evidente que isso não se dissocia
de valores da sua identidade, da sua tradição e da sua cultura. Este é o
primeiro registro. E a União Israelita teve um papel decisivo nesta preservação
nos judeus que hoje vivem e se constrói uma vida no Brasil.
O segundo aspecto é o interesse que esta
experiência e esta tradição significam para um país como o Brasil, onde
exatamente as tradições são extremamente precárias; onde a memória é frágil e
inexistente; onde a história se esquece no dia seguinte e onde os valores e as
lições de vida e dos sacrifícios são extremamente precários e não se consegue
constituir como referências, lições e pontos de apoio para avançar a própria
sociedade democrática brasileira. Isso que eu quis dizer, mais do que singelo o
reconhecimento destes oitenta anos e a sua importância, há uma pequena lição a
mais, a capacidade de preservar tradições, a capacidade de defendê-las e,
sobretudo, a capacidade de não esquecer e construir uma história que se acumula
nas experiências do passado é uma lição que interessa também não só aos judeus,
como judeus brasileiros como sou, e como a todos os brasileiros pelos quais o
meu Partido, o Partido dos Trabalhadores, luta sempre na busca de uma outra
sociedade e de uma democracia plena. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a
palavra o Ver. Lauro Hagemann que falará pelo seu Partido, Partido Comunista
Brasileiro - PCB - e pelo Partido da Frente Liberal - PFL.
O SR. LAURO HAGEMANN: Ver.
Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre. (Lê a nominata
dos componentes da Mesa.)
Convidados, Vereadores, Senhoras e Senhores,
tenho a honra de falar nesta solenidade de homenagem aos oitenta anos da
Sociedade União Israelita de Porto Alegre, em nome do PCB e do PFL, por
delegação do Ver. Artur Zanella.
Não são todos os dias que entidades como esta
comemoram oitenta anos. E a Sociedade União Israelita está integrada na
comunidade porto-alegrense que é uma soma heterogênea de etnias, de
manifestações religiosas, de manifestações de toda ordem. Isto dá a nossa
Capital uma característica democrática, progressista, aberta às mais variadas
concepções de mundo e de sociedade.
Os judeus que emigraram para o Brasil e mais
precisamente para Porto Alegre têm, há oitenta anos, em nossa Cidade, uma
entidade que os congrega, que os defende, que, sobretudo, mantém suas tradições
religiosas, raciais, culturais. E isto para o porto-alegrense é um fator de tranqüilidade,
porque significa que a nossa Cidade hospeda quem nela vir se estabelecer, com
todas as prerrogativas de uma cidade livre.
Os judeus ao longo do tempo têm sido um povo
perseguido e, naturalmente, aqui entre nós encontraram uma Pátria que os acolheu.
Nem sempre foi assim. Em outras épocas os judeus já foram discriminados e às
vezes ainda o são como uma das minorias raciais, religiosas, que ainda compõem
a sociedade brasileira como outras também. Ontem, aqui, nós homenageávamos os
negros que também têm seus componentes diferenciados, mas tudo isso nos
impulsiona para que busquemos uma convivência paterna, pacífica entre todos
nós. Porque o Brasil, e mais especificamente, o Rio Grande do Sul e Porto
Alegre são cadinhos de variadas etnias, de pensamentos díspares, mas nós temos
que chegar à síntese e fazer da nossa Cidade, que é o que nos cabe, uma “poli”
capaz de ser habitada por todos os cidadãos de boa vontade.
A Sociedade União Israelita busca o seu papel
nesta tentativa de síntese e por isso a Câmara Municipal de Porto Alegre com
seus 217 anos de existência reconhece o seu trabalho. Proclama a excelência
deste congraçamento e faz votos para que busquemos cada vez com maior afinco um
incremento dessas relações. Nem sempre os nossos caminhos serão fáceis, mas é
preciso que tenhamos a consciência muito clara do objetivo a ser alcançado para
que esses espólios acidentais possam ser superados com a maior tranqüilidade.
Em nome do Partido Comunista Brasileiro, que
tem na comunidade judaica um colaborador e especialmente uma de suas figuras
proeminentes no mundo, o nosso seguidor, nós queremos manifestar a nossa
gratidão e os nossos cumprimentos pelos oitenta anos. Com votos de que isso
prossiga por muito mais tempo ainda. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a
palavra o Ver. João Dib, que falará pelo Partido Democrático Social
- PDS.
O SR. JOÃO DIB: Exmo
Sr. Presidente da Câmara Municipal; Prof. Boris Weinstein, Presidente da
Sociedade União Israelita Porto Alegrense; meu caro Dr. Israel Lapchick,
Presidente do Conselho das Entidades Judaicas do Rio Grande do Sul; meu caro
Samuel Burd, Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; Dr. Marcos
Stifelman, Presidente do Conselho Administrativo da Sociedade União Israelita
Porto Alegrense, integrantes da comunidade judaica aqui presentes,
representando muitas das entidades judaicas; Senhores Vereadores; meus Senhores
e minhas Senhoras.
Um homem, “louvado seja Deus”, quase sempre
basta a si próprio. Entretanto, dez homens unidos, unidos no amor, são capazes
de ser e fazer o que dez mil, isoladamente, não conseguiriam fazer.
Há poucos dias eu ouvi uma frase que me calou
profundamente, que dizia: “enquanto houver amor, encontraremos razão de
continuar existindo”. E, há oitenta anos, alguns representantes da comunidade
judaica se encontraram e decidiram que, em cima do amor, fariam uma união.
União para defender os interesses daqueles que a ela se associassem, e mesmo
não se associando teriam a sua proteção, o seu carinho, o seu trabalho. E como
pretenderiam fazer esta divulgação do amor, esta defesa do amor se não fosse
pela Sinagoga, pois é no templo que nós aprendemos que Deus nos ensinou que nós
devemos amá-lo acima de todas as coisas, mas também devemos amar o nosso próximo.
Então, era o amor presente na Sinagoga todos os dias. Era na biblioteca que se
instalava. Mas como senão pela cultura nós aprendemos amar e amar mais, a
respeitar o nosso próximo e saber que Deus é maior do que todos nós. E o
cemitério. O cemitério, lá onde nós vamos, permanentemente, deixando as nossas
pedrinhas, registrando a nossa presença, mas, sobretudo, levando o nosso
carinho e o nosso amor.
Então, aqueles jovens que há oitenta anos
atrás se reuniram, e alguns deles nós tivemos a oportunidade de conhecer em
vida, ainda, estavam absolutamente certos. Uniram-se em torno do amor para
fazer com que a sua coletividade pudesse ser respeitada, protegida e acatada. E
é o que acontece. Nós vemos permanentemente esta Casa, outros Legislativos,
outras entidades, mostrando o carinho, o respeito que tem pela coletividade
judaica. Tudo porque o amor está presente. E oitenta anos na vida de um homem é
uma idade avançada, onde ele tem experiência, onde ele é respeitado, onde ele é
acatado, mas ele está envelhecendo. Mas oitenta anos na vida de uma sociedade é
quando ela está crescendo mais, quando fizer cem anos, ela será mais forte, e,
na medida em que o tempo passa, ela acumula experiência, e essa experiência faz
com que ela tenha muito mais amor para dar, e essa experiência faz com que ela
seja muito mais respeitada. É verdade que as sociedades se fazem e crescem pelo
trabalho de alguns poucos, não de toda a coletividade, lamentavelmente, mas
aqueles poucos, aqueles dez, quinze ou vinte que se unem pelo amor fazem com
que a sociedade respeite todos, indistintamente.
Em nome do meu Partido, o Partido
Democrático Social, em nome da Cidade, também, desejamos que a
Sociedade União Israelita continue florescendo e crescendo, mas, sobretudo,
continue disseminando amor e fazendo com que, amando-se entre si, também amem
os demais, como tem feito até agora. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Prof.
Boris Weinstein, Presidente da Sociedade União Israelita Porto Alegrense.
O SR. BORIS WEINSTEIN: Ilmo Sr.
Presidente da Câmara dos Vereadores, Dr. Valdir Fraga, Srs. Vereadores,
Senhoras e Senhores presentes neste momento solene. (Lê.):
“É com o coração
transbordando de júbilo que tenho o privilégio de dirigir-vos a palavra nesta
augusta Câmara de Vereadores, onde, por uma deferência muito especial, numa
proposição do Ver. Isaac Ainhorn, homenageia os oitenta anos da fundação da
Sinagoga União Israelita Porto Alegrense. Entidade com fins religiosos, mas que
também atua na área social, cultural e artística, cooperando para o
engrandecimento de nossa Cidade e também do Rio Grande do Sul.
É a União Israelita Porto
Alegrense uma Casa de Deus, onde se prega o amor, a fraternidade e igualdade
entre todos.
Seu objetivo é entrelaçar a todos
de boa vontade, para que possamos caminhar juntos e unidos pelo bem de nossa
terra. A Sinagoga União Israelita Porto Alegrense, além de congregar seus
associados, estende sua sede para as mais diversas entidades comunitárias,
indistintamente. É ela uma entidade cheia de vida, pois funciona as vinte e
quatro horas do dia, fazendo dela uso todos aqueles que precisam, quer jovens,
quer adultos, tendo seu amparo e sua proteção.
Operando nas diversas áreas,
acima citadas, é a Sinagoga União Israelita Porto Alegrense um exemplo
comunitário.
Quero deixar aqui expresso aos
representantes do povo porto-alegrense nossos agradecimentos por tão belo
gesto, que só pode enaltecer esta nobre Casa, demonstrando assim que ela não
faz distinção de credo, raça ou cor.
É ela o exemplo da democracia que
o Brasil está atravessando, tendo nos seus membros o exemplo da dignidade do
nosso povo brasileiro.
Em nome da minha diretoria e, de
meu próprio, muito obrigado.”
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Legislativo Municipal, depois
de ouvir os representantes de cada Bancada, também se soma ao evento,
cumprimentando o Presidente Boris, e extensivo aos demais companheiros,
diretores da Entidade, e associados. Encerramos, assim, com o nosso respeito, o
Grande Expediente de hoje.
Vamos suspender os trabalhos por
um minuto.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h05min.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h10min): Estão reabertos os
trabalhos da presente Sessão.
Solicito ao Sr. 1º Secretário que
proceda à chamada nominal para verificação de “quorum”.
(O Sr. 1º Secretário procede à
chamada nominal para verificação de “quorum”.)
O SR. PRESIDENTE: Há “quorum”, passamos à
ORDEM DO DIA
PROC. Nº 1270/90 –
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 016/90, de autoria do Ver. Leão de Medeiros, que autoriza a criação, pelo
Executivo, do Conselho Municipal de Entorpecentes (COMEN) e dá outras
providências. Com Emendas nos
01 e 02.
Parecer:
- da Comissão
Especial. Relator Ver. Wilson Santos: pela aprovação, com as Emendas nºs
01 e 02.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLCL nº 016/90.
Com a palavra o Ver. Giovani Gregol, para discutir.
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, vem a Plenário para a apreciação desta Casa um Projeto de Lei
Complementar do Ver. Leão de Medeiros, que trata da criação no Município, à
guisa do que já existe a nível de Estado, do Conselho Municipal de
Entorpecentes e este Vereador que vos fala, na qualidade de Presidente da
Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara de Vereadores, teve a competência e
o prazer de receber, analisar e inclusive emendar o referido projeto. É do
nosso entendimento que este Projeto tem, na sua intenção, todos os méritos, não
é preciso ressaltar aos Vereadores da Casa a importância social que tem esse
assunto dos entorpecentes, principalmente levando-se em conta a situação das
vítimas desse processo, os chamados toxicômanos e do esforço que se faz no
mundo todo, inclusive no País, do qual Porto Alegre não poderia fugir, de
tratar de todas as formas possíveis, e em primeiro lugar, evitar a formação de
novos toxicômanos; em segundo lugar, tentar recuperar aqueles que já estão
dependentes de drogas, de entorpecentes, enfim das substâncias que criam
dependência física e/ou psicológica.
Eu apresentei aos Srs. Vereadores,
e chamo a atenção dos mesmos, em acordo inclusive com o autor, Ver. Leão de
Medeiros, uma série de Emendas, uma das quais a Emenda nº 01, que dá uma nova
redação ao artigo 4º, consta do espelho que os Vereadores receberam. Essa minha
Emenda modifica a composição do Conselho de Entorpecentes como segue. É do
nosso entendimento que a composição fica mais adequada desta forma. Quanto à
Comissão que estudou o assunto e que emitiu o Parecer dizendo que o número não
poderia ser par, eu tomei a iniciativa de consultar o Conselho Estadual de
Entorpecentes, no qual o número de componentes também é par.
Acontece, Ver. Elói Guimarães,
que naquele Conselho, o Presidente, que é escolhido entre seus membros, não
vota, ou melhor, vota como de praxe, como acontece nesta Casa, em caso de
empate. Então, estou apresentando, junto com minha Bancada, uma Emenda de
Liderança que foi elaborada por mim, no sentido de que o Presidente do futuro
Conselho Municipal de Entorpecentes, escolhido entre seus membros, só vote ou vote
somente em caso de empate, e fica assim resolvida a questão do número par ou
ímpar de componentes.
Também, estou apresentando uma
Emenda retirando do artigo 5º do projeto original do Ver. Leão de Medeiros, a
parte final que diz: “percebendo em seu lugar as vantagens decorrentes”, visto
que o Projeto não prevê jetton ou outro tipo de vantagem financeira para
titulares, portanto não poderíamos tê-la, por lógica, aos suplentes. Então
retirei por questão de lógica legislativa esse final.
Da mesma forma estou apresentando
uma Emenda, que ainda não foi numerada, modificando a minha proposta original
que dizia que um dos componentes do Conselho seria o titular da Delegacia de
Tóxicos. No Conselho Estadual de Entorpecentes não funcionou esta delegação,
porque como sabemos esse cargo muda freqüentemente, razão pela qual o titular
da Delegacia de Tóxicos nunca participava do Conselho Estadual. Então, o
Conselho Estadual, à guisa do que estou propondo, diz que esse lugar será
ocupado por um Delegado reconhecidamente entendido da matéria, nomeado pelo
Secretário de Segurança do Estado. Esta modificação permitiu a nível estadual
que o representante da polícia passasse a poder fazer parte daquelas reuniões,
antes não fazia porque era ocupante de um cargo de confiança de pouca duração
temporal.
Justificadas estas três Emendas
apresentadas ainda hoje, retorno a minha Emenda nº 01 chamando a atenção de que
ela prevê um representante do Conselho Regional de Psicologia, do Conselho
Regional dos Farmacêuticos, dos Assistentes Sociais, do Sindicato dos
Sociólogos do Estado do Rio Grande do Sul, do Conselho Regional de Enfermeiros,
de um jornalista que tenha atuação reconhecida na área, de um médico
psiquiatra, enfim, de entidades representativas de categorias profissionais ou
de profissionais que têm diretamente a ver com o assunto entorpecentes, em todo
esse universo, com aquelas intenções que falei de prevenir e remediar aqueles
que assim se encontram. E é do nosso entendimento, inclusive, em conversa com o
Ver. Leão de Medeiros, que a nossa Emenda é capaz de contribuir de forma
positiva para o aperfeiçoamento desse Projeto que tem todos os méritos. Nesse
sentido, peço que os Vereadores votem a favor.
Solicito aos Vereadores que votem
a favor com as Emendas sugeridas, isso é muito importante, porque o Projeto
fica no nosso parecer bastante mais completo, inclusive, seguindo o exemplo de
experiências recentes que já deram certo, seguindo as experiências já
pretéritas que se mostraram positivas, que se mostraram corretas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): A Mesa apregoa o
recebimento de duas Emendas subscritas por Liderança da Bancada do Partido dos Trabalhadores. Primeira delas, a Emenda nº
04, de Liderança: “inclua-se no parágrafo único do art. 6º. Parágrafo Único: o
Presidente do Conselho Municipal de Entorpecentes terá direito a voto somente
em caso de empate”. Assinada pelo Ver. João Motta, Líder do PT, e pelo Ver.
Décio Schauren, Vice-Líder da Bancada do Partido dos
Trabalhadores. Também, outra Emenda firmada pelo Vice-Líder do
PT, Ver. Décio Schauren, incluindo art. 5º: “suprima-se a parte final do
artigo, qual seja, percebendo em seu lugar as vantagens decorrentes...”.
Passamos a palavra ao Ver. Leão
de Medeiros.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, venho à tribuna para discutir o presente Projeto que visa a
autorizar o Município a criar o seu Conselho Municipal de Entorpecentes.
Ninguém desconhece que um dos flagelos da humanidade, entre tantos,
sobressai-se o consumo de drogas e as conseqüências por elas causadas.
O nosso País não foge à regra,
também está envolvido nesta problemática. Existe uma política nacional de
combate ao uso da droga e à sua prevenção. Essa política é traçada pelo
Conselho Federal de Entorpecentes, o CONFEN, e os Estados membros da Federação
também possuem as suas entidades em níveis estaduais.
O Conselho Estadual de
Entorpecentes - CONEN - no Estado do Rio Grande do Sul é um órgão atuante,
participativo desta atividade e o Governo do Estado estimulando-o consagrou no
ano passado um programa específico ao combate do uso da droga. É tão importante
esta atividade que também na Constituição do Estado ficou institucionalizado o
mesmo Conselho Estadual de Entorpecentes.
Na discussão do projeto da
Constituição Estadual, o autor da proposição, exigindo que a
institucionalização que o CONEN - Conselho Estadual de Entorpecentes fosse
consagrado, dizia com muita propriedade que o combate ao uso de drogas tóxicas
era uma questão de segurança social. E na verdade está muito bem colocado.
A nível municipal, quando
discutíamos a Lei Orgânica, consegui com apoio da quase unanimidade desta Casa
consagrar no art. 175, a criação do Conselho Municipal de Entorpecentes agora
proposto através de lei. Diz o art. 175 da Lei Orgânica do Município: “o órgão
colegiado municipal encarregado da política de combate ao uso de entorpecentes
com estrutura, composição e dotação orçamentária definidas em lei, tem por
objetivo formular as diretrizes da educação preventiva e assistência e
recuperação dos dependentes de substâncias entorpecentes ou que determina
dependência física ou psíquica”. Então, a esse Conselho, que agora se propõe
sua criação através desse Projeto de Lei, está previsto na própria Lei Orgânica
do Município.
No Estado, no final do ano
passado, quando o Sr. Governador criou o Programa Estadual de Combate às
Drogas, o Governador de então, Dr. Pedro Simon, disse que “o Governo estava,
com esse Programa, fazendo a sua parte, mas que isso não era suficiente. Agora
é a hora da participação da sociedade”. E enfatizou, em seu discurso, “a
participação da juventude, destacando a importância da criação de conselhos
municipais de entorpecentes, porque a ação desses organismos estaria mais
voltada para essa faixa de idade”. O Projeto agora em discussão nada mais visa
do que isso, adequar o Município de Porto Alegre também a essa realidade, da
criação de conselhos municipais de entorpecentes, que já estão concretizados em
inúmeros municípios do interior do Estado.
O meu Projeto, Srs. Vereadores,
está perfeitamente de acordo com a política proposta pelo Governo Federal,
dentro da política nacional de combate ao uso de drogas. Recebi subsídios das
maiores autoridades responsáveis por ela na época da elaboração do projeto.
Refiro o ofício que recebi do então Presidente do Conselho Federal de
Entorpecentes, Dr. Ronaldo Augusto Bretas Marzagão, em novembro do ano passado,
que me cumprimentava pela iniciativa da propositura desse Projeto de Lei. Da
mesma forma, então o Presidente do Conselho Estadual de Entorpecentes, Dr.
Alberto Rahde, que me forneceu subsídios e me cumprimentou pela iniciativa.
Sucedido, na Presidência do Conselho Estadual de Entorpecentes, pelo Dr.
Weingarthen, veio S. Sª a esta Casa discutir o Projeto e acompanhado pelo Ver.
Gregol, fizemos as últimas adaptações que o Projeto exigia em concordância com
o Conselho Estadual de Entorpecentes. O Projeto é singelo. Ele autoriza que o
Poder Executivo crie o Conselho Municipal de Entorpecentes, agregando-se na Política
Nacional de Entorpecentes.
Por isso, amparado pelo respaldo
das autoridades mais qualificadas dessa área do combate ao uso de drogas e
entorpecentes, é que, na discussão desse Projeto, peço o apoio dos Srs.
Vereadores para que ele seja aprovado. E ao final, pela compreensão do Chefe do
Poder Executivo, a sua devida instalação. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador é o Ver. Airto
Ferronato para discutir o Projeto.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, acerca deste Projeto de Lei vou votar favorável a este Projeto e
favorável a todas as Emendas atendendo ao pedido do nobre Ver. Giovani Gregol.
Eu gostaria de dizer o seguinte:
voto favorável porque entendo que esse Projeto é oportuno, tem mérito e é uma
necessidade para o Município, agora eu venho a esta tribuna, neste momento,
para dizer apenas uma coisa que eu desde os primeiros momentos que assumi na
Câmara de Vereadores de Porto Alegre tenho me insurgido sobre um detalhe:
porque a Lei Ordinária á avaliada, analisada, ela passa por todas as Comissões
Técnicas da Casa, que no meu entendimento é o órgão competente, aparelhado para
se proceder esse tipo de avaliação e porque que todos os projetos de lei
complementar não passam por essa comissão, eles vão direto para uma comissão
especial. Eu uso esse momento porque já havia avaliado o momento oportuno para
fazer isso, dizendo até porque talvez esse Projeto não entre nesta área de
orçamento e finanças, que sou Presidente da Comissão de Finanças e que, a
partir deste momento, todos os projetos de lei complementar que tratem de
orçamento e finanças eles vão ser avaliados na comissão competente que é a
Comissão de Orçamento e Finanças. Eu disse quando da discussão da Lei Orgânica
que nós fomos eleitos não para delegar a ninguém as nossas tarefas e
responsabilidades e eu não delego mais, ou seja, a partir de hoje os projetos
que tratam de orçamento, tributo e finanças, sejam eles leis ordinárias ou leis
complementares, eles vão passar pela Comissão.
Nós vamos defender esta tese,
porque acreditamos que é o caminho correto, lógico, e mais, aquele caminho que
conduz a uma unicidade, a uma uniformidade de ação quando se discute este
projeto. Isto consta, eu sei que consta do Regimento Interno, sei que consta. Sei,
também, que não apresentei uma Emenda modificando o Regimento Interno porque
entendia que era oportuno se avaliar no momento que se vá fazer uma modificação
do Regimento Interno em função das adaptações da Lei Orgânica do Município.
Agora, na Lei Orgânica do
Município hoje já diz que os projetos de orçamentos e tributos e finanças, eles
vão ser avaliados na Comissão de Orçamento e Finanças, porque entendo que é o
caminho mais correto. Não consigo entender porque razão projetos com este
sentido, e vejam que eu sou beneficiado com isso.
As Bancadas que têm poucos
Vereadores, elas conseguem participar de todos, só que nós permanentemente
quando se trata de reuniões e eu tenho comparecido, reuniões de comissões
especiais que tratam de avaliação de projeto de lei complementar, não há a
participação efetiva dos Vereadores por impossibilidade física, Partidos com
poucos Vereadores eles participam de todos os projetos de lei complementar e na
minha avaliação está errado.
Então, esta colocação que faço,
dizer que vou votar no Projeto porque é bom, agora entendi o seguinte, primeiro
Projeto que trata de Lei Complementar viria a tribuna para colocar minha
posição e dizer que não falei até hoje, porque estava aguardando uma
reformulação do Regimento Interno que até hoje não foi. Então, nós vamos
apresentar uma Emenda e não há necessidade de Emenda, porque a Lei Orgânica já
diz isto.
O Sr. Giovani Gregol: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Airto Ferronato, quanto ao início
da sua fala, tem minha solidariedade, V. Exª tem toda razão e conte com o meu
apoio, porque me parece até ilógico o ponto de vista da prioridade da
municipalidade, que o projeto de lei ordinária tenha que passar pelas Comissões
e o projeto de lei complementar, em alguns casos, mais importantes, não passa.
Agora, fica a questão das Emendas, que apresentei, sobre as quais gostaria que
V. Exª se manifestasse. Eu já me manifestei.
O SR. AIRTO FERRONATO: Eu já me manifestei
no primeiro momento que voto favorável às Emendas também.
Para finalizar, eu entendo que
nós temos que pensar numa modernização deste processo e não processo de lei
complementar, nós temos em grande número permanentemente este tipo de coisas,
ou seja, chega aí uma comissão de dezessete não passa pelas Comissões Técnicas,
sofre prejuízo o processo legislativo em si. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão.
Vamos suspender a Sessão por
cinco minutos para colhermos as assinaturas dos Srs. Vereadores no Parecer às
Emendas apresentadas.
Estão suspensos os trabalhos da
presente Sessão.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h39min.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h58min): Estão reabertos os
trabalhos.
Estamos no processo de votação do
Processo nº 1270/90 – PLCL nº 016/90.
Com a palavra, para encaminhar, o
Ver. Wilson Santos.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
evidentemente que eu encaminho favoravelmente ao Projeto do Ver. Leão de
Medeiros, autorizando a criação do Executivo do Conselho Municipal de
Entorpecentes.
O problema dos entorpecentes, o
problema dos drogaditos, o problema da toxicomania, no meu entendimento, já não
está mais no envolvimento com a droga, avançou tanto, ingressamos num estado de
verdadeira calamidade social que eu acho que hoje nós temos que evitar é o
abuso. E o abuso ele não está também, na minha opinião, nas mãos dos órgãos de
Segurança Pública. Não é mais uma atuação para a Polícia Federal, não é atuação
para Brigada Militar, para Polícia Civil, porque não é um problema de
repressão. Eu ainda entendo lógico o envolvimento da Polícia Federal, da
Brigada, da Polícia Civil em desmanchar com a mercantilagem que leva os tóxicos
nessa organização de verdadeiras quadrilhas de traficante. Mas no envolvimento
com a sociedade eu acho que só tem um caminho, é o acionamento de mecanismos
capazes de trabalhar na conscientização e na prevenção, debatendo este assunto,
quebrando um verdadeiro tabu que a sociedade ainda tem, uma resistência à
abordagem de frente, francamente, com diálogo no problema do sexo e no problema
das drogas.
Fundamentalmente, eu que trilho o
caminho da orientação e da prevenção tenho visto que se separar a repressão e
não instigar aquilo que é proibido, mas falar abertamente, francamente, vamos
ter êxito. O Conselho Municipal de Entorpecentes é útil e tão salutar como a
Lei de minha autoria, aprovada no ano passado nesta Casa, com o compromisso do
Prefeito Olívio Dutra, especialmente com o compromisso do Vice-Prefeito Tarso
Genro, que teve a autorização da Secretária da Saúde, Maria Luiza, para que se
tirasse o vício de origem de meu projeto de lei, porque eu aprovei nesta Casa
um projeto de lei que autorizou o Executivo a criar um serviço de prevenção ao
uso das drogas e recuperação dos toxicomas. Porque eu tenho certeza que assim
como o meu projeto de lei nós vamos ingressar naquele aspecto de ter mecanismo
trabalhando especificamente na prevenção e na orientação.
Eu tenho certeza que quando se
espalhar o uso da maconha, não adianta dizer que é proibido porque quem quer
experimentar o baseado, a maconha, enfim, temos que chegar ao ponto de mostrar
o efeito no organismo da maconha, fracionando as células cerebrais, fracionando
o esperma, tornando o viciado um impotente sexual, um estéril. Isso tem que
chegar ao ponto de dialogar e conseguir fazer com que a sociedade entenda os
seus malefícios. Porque eu queria ver a reação dos Srs. Vereadores, das
galerias, se tivessem anunciado, com certeza, que tinha uma cobra solta. Eu
tenho a absoluta certeza de que as reações seriam das mais diversas, porque
ninguém estaria discutindo se a cobra é venenosa ou não. A sociedade não tomou
consciência do perigo que causa a droga. Uma jovem viciada em cocaína tem 99%
de chance de engravidar gerando um filho defeituoso. É a medicina que mostra,
não é o Ver. Wilson Santos que está dizendo.
Então, a prevenção, o diálogo, o
trato deste assunto pode fazer com que a sociedade veja o perigo que é o uso
das drogas. Eu encaminho favoravelmente este Projeto, porque é mais um
mecanismo de prevenção e de conscientização do uso das drogas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nós temos sobre a mesa um
Requerimento, subscrito pelo Ver. Giovani Gregol, requerendo o Destaque da
Emenda nº 05.
Nós votaremos primeiro o Projeto,
depois, em bloco, as Emendas que tiveram Parecer favorável: nos 01,
02, 03, 04, e a Subemenda de nº 01 e, posteriormente, será votada a Emenda
destacada. Em votação. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO, com abstenção do
Ver. Adroaldo Corrêa.
Submeteremos agora em votação as
Emendas nos 01, 02, 03 e 04 e a Subemenda à Emenda nº 01, que
tiveram parecer favorável. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que as
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS,
por unanimidade.
Em face da aprovação da Subemenda
nº 01, que tem o mesmo teor da Emenda destacada de nº 05, julgamos prejudicada
a votação da Emenda de nº 05.
Em votação Requerimento, de
autoria do Ver. Leão de Medeiros, solicitando seja o PLCL nº 016/90 dispensado
de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O Sr. 1º Secretário dará
conhecimento ao Plenário de um despacho de S. Exª o Presidente da Casa.
O SR. 1º SECRETÁRIO: A Mesa informa ao Plenário que o
Ver. Isaac Ainhorn e outros requereram seja arquivado o Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 023/90, Processo nº 1847/90, que trata do
sábado-inglês. O Sr. Presidente da Casa deu o seguinte despacho ao final de um
Parecer da Auditoria da Casa.
(Lê o despacho.)
O autor é o Ver. José Valdir e o
Parecer da Auditoria encerra dizendo que: “para que o referido Projeto possa
ser votado ainda nesta Sessão Legislativa, deverá o mesmo ser subscrito pela
maioria dos Srs. Vereadores ou receber o apoio dos munícipes, nos termos em que
dispõe o art. 78 da Lei Orgânica.”
Este é o despacho do Presidente
da Casa, mandando retornar ao autor, para que tome estas providências.
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Eu gostaria de saber que esta será uma jurisprudência da Casa, a
respeito desses assuntos, porque, pessoalmente, acho que está equivocado este
despacho. Sou contra a instituição do sábado-inglês, mas o que foi votado
naquele dia não foi o sábado-inglês, foi uma Emenda. Então, será fácil
bloquear, futuramente, qualquer Projeto, incluindo-se uma Emenda, em qualquer
Projeto e, com a derrota desta Emenda, não se possa tratar do assunto durante a
mesma Sessão Legislativa. Eu gostaria de receber cópia desta manifestação e
perguntar à Mesa se isto vai servir de parâmetro futuro, porque é uma decisão
profundamente equivocada.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa responde ao Ver. Artur
Zanella, dizendo que fornecerá cópia do Parecer ao nobre Vereador e informando
que o mesmo se consubstancia em disposições da Constituição Federal e da Lei
Orgânica do Município. Por outro lado, por despacho do Sr. Presidente da Casa,
Ver. Valdir Fraga, foi adotado o Parecer da Auditoria, sendo o mesmo remetido
para o Autor, a fim de que tome as providências que entender cabíveis, em face
do Parecer da Auditoria. De outra parte, se vai servir de parâmetro, de
jurisprudência e de precedente para as demais decisões sobre a matéria, só o
tempo é que se encarregará de dizer isto.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, eu acredito que o Parecer da Auditoria tenha sido dado sobre todo o
Processo e eu digo a V. Exª que o Processo que nós votamos há alguns dias
atrás, aqui nesta Casa, ele difere do Processo que tramita aqui pelas Comissões.
Inclusive, Substitutivos que fazem parte deste Processo são bem diferentes dos
Substitutivos que faziam parte daquele Processo do Ver. José Valdir. Aliás, o
Processo do Ver. José Valdir se tratava de um Substitutivo e neste Processo que
tramita agora nas Comissões, o Projeto do Ver. José Valdir é o projeto original
e os Substitutivos são diferentes, são matérias que não são iguais. Foi
analisada, apenas, a matéria com relação ao Substitutivo do Ver. José Valdir,
não foi analisado todo o Processo. Eu comungo da mesma idéia do Ver. Artur
Zanella, porque acredito que a Auditoria cometeu uma falha.
O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Quero deixar
bem claro, até para tranqüilizar os demais Vereadores que, neste ano, não tenho
interesse em voltar a discutir este assunto. Mas quero deixar bem claro,
também, para que não se criem precedentes, que, se se quisesse discutir,
poder-se-ia discutir este Projeto, sim, e baseio a minha argumentação no
próprio Parecer que eu pedi por escrito, quando apresentei o Projeto, por parte
da própria Auditoria, que está se contradizendo, mas acho que não há
necessidade de entrar nessa polêmica. Mas quero deixar registrado, até para não
abrir um precedente, como alertou o Ver. Artur Zanella, pois ficaria muito
fácil de impedir a discussão de temas importantes, através de alguns esquemas
de ordem regimental.
O SR. PRESIDENTE: Solicito que nas Questões de
Ordem se cinjam às Questões de Ordem, embora já tenha, democraticamente, ouvido
todos os Srs. Vereadores.
Ver. Airto Ferronato. Desiste.
O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Quero deixar
bem claro que a minha Questão de Ordem foi exatamente uma Questão de Ordem, o
que, às vezes, não costuma acontecer na Casa.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa respeita, e,
democraticamente, concedeu a palavra a V. Exª, que se manifestou na sua
plenitude.
Questão de Ordem com o Ver.
Adroaldo Corrêa.
O SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, peço a atenção dos demais Vereadores para o seguinte
entendimento que tenho, e acredito, só pode ser posto em Questão de Ordem. O
Parecer da Auditoria dado a um Pedido de Requerimento do Vereador que preside a
Sessão neste momento, ele responde ao Vereador e ao Plenário, como um todo,
porque recebido pela Mesa ele é uma dúvida da Casa, a Mesa encaminhou ao autor,
e creio que é uma solução política, do ponto de vista de atender o ânimo do
Plenário, neste momento, mas creio que se estendermos isto ao conjunto das
relações entre projeto e questionamentos de encaminhamento, nós vamos ter uma
regra ferida, qual seja, é possível que o autor tome posição a cada momento.
Ele pode, independente de que a Mesa o autorize, ele pode retirar o projeto e
mandar arquivar. Ele pode, independente que a Mesa o autorize. Esta é a
iniciativa do autor, à exceção de que esteja na Ordem do Dia. Ele não está na
Ordem do Dia.
Então, se isto foi dito pela
Mesa, a Mesa disse o que o autor já sabia. E se isto é uma solução, não é para
a questão de encaminhamento ou requerimento de pedido de arquivamento do Ver.
Isaac Ainhorn e, portanto, teria que ser apreciado pelo Plenário, no meu
entendimento, para se pronunciar sobre o Parecer da Auditoria, o que no meu
entendimento é equivocado.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa recebe a Questão de Ordem
e, democraticamente, como o 1º Vice-Presidente é o suscitante da questão, não
pretende, neste momento, usando a condição de Presidente dos trabalhos,
polemizar com V. Exª e passa imediatamente, depois de ter comunicado o despacho
que devolveu ao autor o requerimento para as providências, baseado no Parecer
da Auditoria, passa a exemplo de outras matérias que já tiveram este mesmo
encaminhamento por esta Casa, passa ao seguimento da Ordem do Dia examinando o
Processo nº 1409/90, Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 018/90.
PROC. Nº 1409/90 –
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 018/90, de autoria do Ver. Gert Schinke, que autoriza o Executivo Municipal a
edificar equipamento público cultural, denominando-o Memorial Chico Mendes, e
cria Fundo Especial, de natureza contábil própria.
Parecer:
- da Comissão
Especial. Relator Ver. Vieira da Cunha: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLCL nº 018/90.
Com a palavra para discutir o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
eu apresentei duas Emendas a este Projeto e por isso que eu quero falar no
processo de discussão.
Eu acho, Sr. Presidente, que da
maneira como está redigido o Projeto pode abrir um precedente muito grande
nesta Casa no momento em que se usará verba pública municipal para fazer um
memorial em Porto Alegre seja a quem for. E eu estou dando o exemplo de quem
merece usar verba pública de Porto Alegre para um memorial que é o Sr. Chico
Mendes. Amanhã é a verba pública para fazer uma melhoria no memorial do Castelo
Branco lá no Parcão.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
uma Câmara Municipal que alega que não tem dinheiro para aumentar os
funcionários. Que tem um projeto para estender a contribuição do Montepio para
o 13º para pagar pensão, pensar esta Câmara em autorizar recursos públicos
municipais para fazer uma homenagem justa ao Sr. Chico Mendes é uma incoerência
e um precedente terrível. Eu alerto a Bancada do PT, que é a Bancada do Poder
Executivo nesta Casa, que nós aprovamos um memorial para o Sr. Luiz Carlos
Prestes com recursos privados, não do Município. Aqui nós estamos autorizando
com recursos públicos municipais. E em dois locais do Projeto isto é bem claro.
No art. 1º: “Fica o Executivo Municipal autorizado a edificar equipamento
público”, isto é, edificar é construir, é fazer e pagar. E no art. 4º diz o
seguinte: “Fica instituído o Fundo Especial de natureza contábil própria
visando a captar recursos junto a pessoas físicas, jurídicas, entidades
públicas, como fonte complementar a viabilização do empreendimento”. O
viabilizar significa que é o Município que é quem vai fazer esta homenagem.
Nós autorizamos a homenagem ao
João Antonio Daudt, pelo Ver. Isaac Ainhorn que foi feito sem recursos
públicos. O Luiz Carlos Prestes, sem recursos públicos; o Castelo Branco que
não foi autorizado por esta Casa, está lá no Parcão, sem recursos públicos
municipais. Esse é o primeiro projeto com recursos públicos municipais. Para
quem não tem dinheiro para assistência para os funcionários e para uma série de
outras coisas, eu acho que é um precedente gravíssimo.
Então, a primeira que eu fiz, Sr.
Presidente, diz o seguinte: “Inclua-se ao final do art. 1º a seguinte
expressão: Sem utilização de verbas do orçamento municipal”, e na segunda
Emenda, como foi mal colocado o número, incluo a seguinte expressão no texto:
estaduais, federais e de instituições internacionais, ficando o mesmo com a
seguinte redação: “Fica instituído o Fundo Especial de natureza contábil
própria, visando a captar recursos junto a pessoas físicas, jurídicas,
entidades e poderes públicos estaduais e federais e de instituições
internacionais, como fonte complementar a viabilização do empreendimento” e
continua como fonte complementar, considerando que a Prefeitura vai entrar com
o terreno, terreno pago pelo Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB -,
para construção de casas populares, digo o seguinte: o texto pode continuar
prevendo os recursos como fonte complementar à viabilização do empreendimento,
porque o custo inicial não monetário e orçamentário é o oferecimento do terreno
por parte da Prefeitura Municipal. Os recursos devem ser igualmente buscados
junto às instituições internacionais que sempre manifestaram admiração por
Chico Mendes. Tem uma série de instituições internacionais que se preocupam com
a Amazônia e podem colaborar, agora, não vejo porque usar dinheiro da
Prefeitura abrindo precedentes enormes. Vejam que estou citando exemplo de uma
instituição que devemos fazer esta homenagem, mas amanhã quando a maioria
oscilar para o outro lado, vem aqui dizer agora vamos fazer para o fulano e o
beltrano e terminamos nós, como fonte financeira de homenagens memoriais, etc.
O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O § 2º do art. 4º diz: “O Poder Executivo deverá regulamentar
o Fundo Especial instituído pela presente Lei, no prazo de 30 dias”. Aqui
confirma mais ainda o dinheiro público dentro da exposição de motivos.
O SR. ARTUR ZANELLA: Então, estou colocando para os
Senhores que o meu voto, não será a favor, se houver recursos públicos
municipais, por uma questão de coerência.
Nós não temos dinheiro para o
atendimento médico dos funcionários municipais, nós não temos atendimento
odontológico, nós não temos uma série de coisas. Não sei se é muito esse valor,
se é pouco, mas eu estou colocando o precedente, e principalmente a Bancada do
PT cujo autor integra com muita sabedoria esta Bancada, coloca esse precedente,
porque a Bancada do PT tem colocado sempre aqui as suas limitações
orçamentárias, as suas limitações financeiras, bloqueando alguns projetos de
Vereadores que não do PT exatamente por falta dessa questão financeira, veja
bem que nós estamos criando despesa aqui, que muitos dizem que não podemos
criar despesa. Eu acho que pode. Eu acho que se o Prefeito convalidar o
Projeto, acho que pode criar despesa. Mas tem se dito continuamente pela
Bancada do PT que a Câmara não deve criar despesa, a Auditoria diz também.
Acho que está errado, mas a
posição que tem sido aqui colocada é sempre essa, quando há aumento de despesa
há vício de origem no projeto, é isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que eu
estou defendendo. Essas duas Emendas que eu pedi por favor que invertesse o
número, porque uma é decorrência da outra, isto é, se não pode usar recurso
público municipal, não tem como fazer fundos com recursos municipais, então,
seriam fundos públicos estaduais ou federais, Dr. Lutzemberger, aí que é um
representante no Governo do Presidente Collor, Dr. Lutzemberger poderia
eventualmente, ele que maneja com verbas grandiosas, e que é uma pessoa que
viaja muito, defendendo a ecologia em todos os locais e planetas. Dr.
Lutzemberger poderia colaborar, conseguir lá com as pessoas com quem ele fala.
O Príncipe Charles virá por esses dias visitar a Amazônia, não vejo porque nós
porto-alegrenses vamos custear isto, se o Dr. Lutzemberger que é um seguidor do
Dr. Collor de Mello, é um representante do Dr. Collor de Mello e que, no final
da minha vida, descubro que é meu correligionário, poderia eventualmente o Dr.
Lutzemberger contribuir para o memorial em homenagem a Chico Mendes.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Elói
Guimarães para discutir o Projeto.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, eu entendo que a figura de Chico Mendes está imortalizada na
consciência do povo brasileiro através da sua luta na defesa dos despossuídos,
mais especificamente ligado à luta agrária em nosso País.
A Cidade me parece que já prestou
uma grande homenagem, um grande memorial a Chico Mendes, que é exatamente o
Parque Chico Mendes, na Zona Norte de Porto Alegre. Então, sem enfrentar aqui
as colocações feitas pelo Ver. Artur Zanella, que vou examinar, eu acho que é
bom que também lembremos de outros heróis recentes da nossa história. Está aí,
mostrado nos meios escritos da comunicação social brasileira, um jovem que
tombou na luta armada e foi encontrada a sua ossada. E uma série de pessoas que
estão à espera de uma homenagem. Então me parece que, num determinado momento,
nós começarmos a acumular homenagens, e homenagens sobre uma determinada
pessoa, em que pese o seu grande valor indiscutível, como Chico Mendes, que
hoje está na consciência nacional, está na música, é um mito, já está, por
assim dizer “folclorizado” e recebeu da cidade de Porto Alegre uma das grandes
homenagens que é o Parque Chico Mendes na Zona Norte de Porto Alegre. Então,
vejam V. Exas que
outras figuras e tantas outras deveríamos aqui declinar estão a reclamar uma
homenagem.
Então, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, estou examinando e, em princípio, vou me colocar contra o Projeto.
Agora, parece que tem todo o acerto, o Ver. Artur Zanella, no que sustenta
porque diz o Projeto do Ver. Gert Schinke, vejam bem, “autoriza o Executivo
Municipal a edificar”, autoriza a edificar e cria um fundo próprio. Me parece,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que se não for o Projeto devidamente, através
de emendas, bem ressalvado, presume-se que será, está dito literalmente, “o
Município edificará com recursos de natureza contábil próprio”. Como interpretar-se
“natureza contábil próprio”? Senão, própria do Município, então, até que provem
o contrário, a interpretação do Projeto encaminha o entendimento de que o
Município de Porto Alegre construirá, custeará o Memorial a Chico Mendes, que
na minha opinião, e eu respeito opiniões em contrário, recebeu da Cidade, da
Administração, desta Casa, uma magnífica homenagem, uma grande homenagem, o
maior Memorial que é exatamente o Parque Chico Mendes lá na Zona Norte da
cidade de Porto Alegre, lá num bairro popular, adequado, porque era um homem
que devotou toda a sua luta na defesa dos interesses populares, lá está uma
homenagem, um grande memorial, uma obra viva dignificando aquele que lutou pela
reforma agrária e na defesa da ecologia.
Então, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, examinando exatamente a homenagem que a Cidade já fez e entendendo
que há outras homenagens, que há outros seres humanos democratas tombados na
luta que estão aí ao aguardo de homenagens e memoriais. Então, é nesta linha de
entendimento, e no sentido de que devemos até socializar as homenagens, os
memoriais, que examino a aprovação desta matéria: por entender que a figura
imortal de Chico Mendes já recebeu da Cidade, com aprovação unânime, uma
homenagem das mais representativas, que melhor espelha a luta de Chico Mendes,
um parque, um espaço ecológico em sua homenagem, já que ele viveu e lutou em
defesa da ecologia e pela reforma agrária.
O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não quero fazer um discurso. Proponho uma intervenção
para esclarecer as intenções que nos levaram a fazer essa homenagem. Sinto
decepcionar-lhe ao informar que não existe nenhuma homenagem. O nome do Parque
Chico Mendes não passou por esta Casa. Não existe denominação nenhuma. Tanto é
que nós trabalhamos num projeto com essa natureza e retiramos esse Projeto.
Inclusive, o Ver. João Motta protocolou um Projeto dessa natureza, nesta Casa,
dando o nome Chico Mendes a uma outra praça, na Zona Sul e, por acordo, ele foi
retirado, porque meses depois disso, a comunidade sugeriu que o Parque fosse
denominado Chico Mendes.
Portanto, em instância alguma
existe denominação de Chico Mendes. Isso é algo que terá que vir,
necessariamente, para fazer justiça à aspiração da população. Lembro-lhe de que
Luiz Carlos Prestes, a exemplo de Chico Mendes, foi homenageado por esta Casa.
Se S. Exª tiver uma lista de nomes, que porventura devem ser homenageados, está
apto a fazer o projeto a esses cidadãos. Eu julguei necessário fazer essa
homenagem a Chico Mendes. Sou um Vereador desta Casa, sem dúvida, que
apresentei menos homenagens. É a única homenagem a uma pessoa que apresentei de
denominação de um logradouro público neste ano.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Mas veja V. Exª como
a idéia foi tão adequada que hoje se falarmos com qualquer pessoa da Cidade,
nós temos, vamos dizer assim, consagrado pela população o Parque Chico Mendes;
nos meios de comunicação, nos debates, nos debates que fizemos nesta Casa e eu
tinha absoluta certeza de que se tinha oficializado ou que se oficializará.
Nenhum nome levará aquele parque que não seja Chico Mendes. Já foi apropriado
pela população. Se nós andarmos e falarmos com as pessoas, elas dirão Parque
Chico Mendes, na Zona Norte da cidade de Porto Alegre, no Bairro Dona Leopoldina.
Então, de qualquer forma, o
Projeto que virá para cá, ou de origem do Legislativo ou do Executivo, porque
já está ali, no meu entender o adequado, Parque Chico Mendes, na Zona Norte.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib
para discutir o Projeto.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
Getúlio Vargas, Loureiro da Silva, Alberto Pasqualini, Ildo Meneghetti, Plácido
de Castro, todos homens gaúchos. É claro que eu poderia incluir Mascarenhas de
Moraes e outros tantos por aí. Todos esses homens são gaúchos, mas em nenhum
momento lembrados por esta Casa para um memorial em sua homenagem.
Estou encaminhando à Mesa Emenda
de Liderança, já que também não existe Parque Chico Mendes, o que, aliás, me causou
profunda tristeza um dia em que estive no Executivo Municipal e lá estava uma
enorme maquete, - talvez aí a confusão do Ver. Elói Guimarães, de que existia o
Parque Chico Mendes que não foi aprovado nesta Casa. Mas não fora Plácido de
Castro nós não teríamos o Acre, nós não teríamos Xapuri, nós não teríamos o
Chico Mendes. Então, se alguém tem que ser homenageado, se algum memorial deva
ser feito é exatamente a Plácido de Castro. E nesta altura V. Exª, Ver. Giovani
Gregol, me dá razão, que devemos homenagear o Cabral para depois homenagear os
que vieram depois dele. Então, quem deve ser homenageado em primeiro lugar é
Plácido de Castro, herói nacional.
Estou encaminhando à mesa uma
Emenda de Liderança dizendo, com a seguinte redação aos arts. 1º, 2º e 3º do
Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 018/90. Art. 1º: “Fica o
Executivo Municipal autorizado a executar equipamento público cultural
destinado a homenagear o anexador do território do Acre ao Brasil: Plácido de
Castro”. Art. 2º: “O referido equipamento cultural será denominado Memorial
Plácido de Castro”. Art. 3º: “As placas denominativas conterão abaixo do nome
os seguintes dizeres: Herói Nacional, natural de São Gabriel, conquistador do
Acre”. Nós temos que homenagear o que é nosso, o que aliás está acontecendo
aqui com muita freqüência na Casa que nós esquecemos pessoas que têm profunda
vinculação com esta Cidade e não são homenageadas, têm profunda vinculação com
este Estado e nós não homenageamos. Então, a razão de ser de Chico Mendes, a
razão de ser de Xapuri está lá no nosso herói nacional nascido em São Gabriel,
e que é um exemplo que nós devemos seguir e que devemos a ele razões bastante
para homenagear. Eu estou apresentando à Mesa como Emenda de Liderança a
substituição de Chico Mendes, que evidentemente foi um bom brasileiro, foi
assassinado, mas o Plácido de Castro teve um fim um pouco pior, até, que o
Chico Mendes, mas, de qualquer forma, deu ao Brasil o Acre.
Então vai esta Emenda de
Liderança no sentido de que se substitua o nome do memorial.
O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Veja, V. Exª está me fazendo pela primeira vez na sua
vida uma injustiça. V. Exª não queria que eu discutisse o assunto e partisse já
para os encaminhamentos. Veja quantas discussões têm agora, o que é bom.
O SR. JOÃO DIB: Ver. Artur Zanella, sou grato a
V. Exª por ter pedido inscrição para discussão, porque se não fosse discussão
eu não poderia apresentar a Emenda que agora estou propondo. Estou
profundamente grato e venho a esta tribuna pensando em agradecer-lhe. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passo a ler as Emendas
apresentadas à Mesa.
Emenda nº 01, de autoria do Ver.
Artur Zanella. (Lê a Emenda.)
Emenda nº 02, de autoria do Ver.
Artur Zanella. (Lê a Emenda.)
Subemenda à Emenda nº 02, de
autoria do Ver. Vieira da Cunha. (Lê a Subemenda.)
A Mesa, antes de apregoar a
próxima Emenda encaminhada pelo Ver. João Dib, posto que há uma dúvida se é
Emenda ou Emenda Substitutiva, ela passará a ouvir o próximo orador inscrito
que é o Ver. Wilson Santos.
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Eu sempre soube nesta Casa que o Substitutivo é votado em primeiro
lugar, porque ele procura aperfeiçoar o Projeto. No caso, como o Ver. João Dib
propõe, é outra coisa. Então, é Substitutivo, me parece, e tem que seguir os
ritos próprios.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa agradece a douta
contribuição do nobre Ver. Artur Zanella e se valerá da mesma para,
oportunamente, expressar o seu posicionamento.
O próximo orador inscrito para
discutir o presente Projeto é o Ver. Wilson Santos.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, em virtude do
ingresso do Substitutivo e das Emendas, eu desisto da discussão, até porque
está ganhando um novo contorno a matéria.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa registra a desistência de
Vossa Excelência.
Com a palavra o Ver. Giovani
Gregol.
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, é incrível como o nome de Chico Mendes motiva reações. O
companheiro Chico já morreu e agora em dezembro vão completar dois anos, e é
incrível como a sua figura, apesar de ele estar morto e enterrado, suscita
antagonismos, assusta muito as pessoas em todos os lugares, inclusive na Câmara
de Vereadores de Porto Alegre.
Cada vez que se fala, que se
cita, que se suscita, que se traz Chico Mendes à baila, há pessoas na Casa que
se sentem desconfortáveis, e uma delas é o Ver. João Dib. E não é só em relação
ao Chico Mendes, toda a luta dos seringueiros, e não é só com relação aos
seringueiros, mas aos castanheiros - os Povos da Floresta, do Acre, da Amazônia
em geral - os indígenas, os ribeirinhos, plantadores da várzea, os pescadores,
até os pequenos madeireiros que vivem da floresta sem destruí-la, causam, em
algumas pessoas desta Casa, sentimentos até difíceis de definir, e que algumas
vezes leva a Casa, e principalmente essas pessoas, a caírem no ridículo.
Com todo o respeito, eu entendo
que essa intenção do Ver. João Dib de apresentar neste momento de forma
totalmente assoberbada, um projeto que nem sei mais se é um Substitutivo ou uma
Emenda, que troque o objeto da dita homenagem - João Dib quer homenagear
Plácido de Castro, nada contra, mas aí é uma outra discussão, é motivo de outro
Projeto - e causa a mim, realmente, muito desconforto e muito espanto, inclusive
considerando que é um Vereador dos mais antigos, Líder de uma Bancada, um homem
que tem respeito e que tem coerência, uma postura ideológica com a qual
absolutamente não concordo, mas que tem a sua história, que tem esta coerência
e, de repente, se descontrola.
O nome Chico Mendes tem sido
usado em todo o mundo, em todo o País, inclusive em Porto Alegre, ao contrário
da vontade do Chico. Ele já sabia que ia morrer, muito antes de ser
assassinado, ele previu isto e não porque era médium ou tivesse bola de cristal,
mas porque a situação que se havia criado levava inevitavelmente ao seu
assassinato. Ele tinha, inclusive, a opção de sair pelo mundo, como fez o Raoni
e outros, mas ele optou por ficar lá, praticamente optou pela morte. Na época,
inclusive, ele disse aos companheiros, que nos contaram que, depois de morto,
ele não queria que o seu nome se transformasse em motivo de homenagem e, se
isto acontecesse, gostaria que seu nome fosse sempre ligado às Reservas
Extrativistas. Esta era a vontade do Chico, mas nós não concordamos. E feliz ou
infelizmente, nós queremos nomear como Chico Mendes uma séria de locais, enfim,
tentando lembrar, também, que ainda não foram julgados seus assassinos. Está
marcado, para o dia 12 de dezembro, em Xapuri, o julgamento dos seus
assassinos, que estão muito bem obrigado, muito bem tratados pela polícia, com
cela especial. Não estou criticando a polícia daqui, Ver. Leão de Medeiros, mas
bem verdade é que, quando um colono foi acusado de matar com uma foice um
brigadiano, imediatamente se encontrou o suspeito, eu estava lá quando foi
feita a acareação, e se colocou no presídio. Uma delegação de parlamentares,
inclusive desta Casa, teve que ir ao presídio, porque havia denúncias de que os
suspeitos estavam apanhando, e com os assassinos do Chico, Ver. Leão de
Medeiros, não houve esta pressa de parte do serviço de segurança do Acre, nem
da Polícia Federal, nem do Tumão, nem do Tuminha. Ninguém apanhou, eles estão
em cela especial e não sei se serão condenados, só se houver uma pressão
nacional e internacional muito grande. A data prevista em Xapuri é 12 de
dezembro. Aqui em Porto Alegre, existe o Parque que nós temos que transformar
no nome oficial, existe o Espaço Cultural Chico Mendes, pertencente à
Secretaria Municipal do Meio Ambiente - SMAM. Existe ou existia, a Livraria
Chico Mendes, cujo dono é o nosso querido companheiro Dirceu Messias, e assim
por diante, além de ser perfeito, quem não concorda não pode considerar
ilegítimo, ou mostrar esse desconforto, como mostram certos Vereadores, certa
revolta mesmo.
A questão da precedência, o Ver.
José Valdir falou muito do Cabral, então, antes de homenagear alguém, temos que
homenagear o Cabral, e diria até, que não é nem o Cabral, teríamos que
homenagear o primeiro ser humano que colocou os pés nesta terra, que era um
ancestral de algum índio, que há trinta mil anos colocou os pés nesta terra, e
os arqueólogos comprovam, lá nas cavernas, no interior da Paraíba, no Município
de São Raimundo Donato, que esta terra tinha dono, e foi descoberta há trinta
mil anos atrás, muito antes do Cabral e do Plácido de Castro.
Portanto, faço um apelo aos
Vereadores para que votem a favor, com as Emendas do Ver. Zanella, que me
parecem procedentes, já falei com o Ver. Gert, autor do Projeto, e parece correto
o raciocínio do Ver. Zanella, em que pese que o Chico merece, mas hoje
poderemos usar com toda a razão o dinheiro público para fazer a construção do
Memorial Chico, amanhã, alguém poderá querer homenagear outras pessoas que não
concordamos, Ernesto Geisel ou Garrastazu Médici, então, por uma questão de
isonomia, de equivalência, concordo em votar a favor das Emendas do nobre Ver.
Artur Zanella, no sentido de que o Memorial seja construído totalmente a custa
daquelas pessoas físicas ou jurídicas que entenderem desta forma homenagear o
Chico, exatamente da forma como foi feita em relação ao Memorial Luís Carlos
Prestes, proposta do eminente Ver. Vieira da Cunha.
O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Giovani Gregol, estou acompanhando
essa discussão e me sinto quase na obrigação de usar um minuto do seu tempo, já
que não me inscrevi porque amigo pessoal, convivi em várias oportunidades com
Chico Mendes em movimentos ecológicos e sindical e vejo assim: no momento em
que se está fazendo uma proposta simples, singela, uma homenagem a uma pessoa
que é reconhecida mundialmente e às vezes fico pensando até, hipocritamente
pelos setores da burguesia que também usam Chico Mendes como sendo uma vítima,
no entanto na hora de aprovar uma simples homenagem ficam fazendo esse tipo de
encaminhamento.
Acho que o Ver. João Dib vai
retirar a Emenda que ele fez, mesmo porque acho que a Mesa não pode aceitar
esse tipo de emenda, ele está fazendo outro projeto, isso é um lado da coisa. O
outro, para terminar, Ver. Giovani Gregol, acho que há uma falta de respeito
com Chico Mendes e com Plácido de Castro, convenhamos um projeto para
homenagear Plácido de Castro tem que tramitar, tem que ter cerimonial, tem que
ter o nosso estudo com todo o respeito que ele merece também Plácido de Castro
como qualquer outro.
Então, eu sugiro, pelo seu tempo,
ao Ver. João Dib, que faça um exame de consciência e de repente retire essa
Emenda que acho que foi infeliz.
O SR. GIOVANI GREGOL: Totalmente apoiado
Ver. Clovis, eu também faço o mesmo apelo. Acho que o Chico não merece, os seus
seguidores do Conselho Nacional de Seringueiros, da Aliança dos Povos da
Floresta que continuam a luta lá e ameaçados de serem mortos constantemente,
diariamente lá, e o Plácido de Castro, a figura histórica de Plácido de Castro
que não conquistou o Acre sozinho e posso dizer isso porque sou professor de
História, não foi Plácido de Castro que com uma espingarda na mão conquistou o
Acre, milhares, foi um movimento político-social, milhares de seringueiros, de
castanheiros, enfim de amazônidas que com ele lutaram e Plácido de Castro
sozinho não teria feito nada. Então, vamos ter cuidado também com o culto às
pessoas.
Ver. João Dib, eu lhe faço este
apelo, eu quero dizer que a Câmara, se assim entender, pode homenagear Chico
Mendes, postumamente, inclusive dando o título de Cidadão Porto-Alegrense, ou
Cidadão Emérito por que não? Isto já foi feito em relação a outras figuras. Eu
acho que o Chico merece, inclusive porque a Câmara já aprovou, há pouco tempo,
o título de Cidadão Porto-Alegrense a Osmarino Rodrigues que é o mais conhecido
seguidor, a liderança mais conhecida que continua a luta do Chico, inclusive na
mesma região, na mesma área, levando o mesmo tipo de trabalho, correndo o mesmo
tipo de perigo, e o Ver. João Dib naquela época foi contra, também, porque ele
dizia que este cidadão nunca morou em Porto Alegre. Quando foi proposto o
Título para o João Paulo II, que eu acho que merece, aí o Ver. João Dib não
usou a mesma justificativa. O João Paulo II nunca morou em Porto Alegre, ele
mora lá em Roma, Ver. João Dib. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito para
discutir é o Ver. Adroaldo Corrêa.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, senhores e senhoras presentes a esta Sessão, talvez por outros
motivos, mas também porque esta é uma Sessão que votará matérias como esta e
outras que estão na Pauta, gostaria, da tribuna, de fazer um pronunciamento em
dois sentidos. Um, de observar, com alguma curiosidade, que na última quinzena,
de parte do Ver. João Dib, que por um ano e oito meses apresentou um
comportamento do ponto de vista da votação de matérias, de compreensão do
Regimento, de aplicação deste Regimento e de defesa da Lei Orgânica, nesta Casa
e cobrando de seus Pares e com ele nós tivemos esta posição, também, de
coerência em relação a leis e projetos de leis que votávamos. Isto ocorreu,
esta modificação curiosa, notada há cerca de quinze dias, no comportamento do
nosso colega João Dib. Após ter subido o Vereador à tribuna para criticar como
improcedente uma legislação que juridicamente era precária, do ponto de vista
da avaliação, e que legalmente talvez não se aplique que era a que resultou do
Projeto de Lei que buscamos, inclusive, a renovação de votação, de autoria do
Ver. Raul Casa, num Substitutivo do Ver. Nelson Castan que propõe, através da
publicidade em ônibus, se financie assistência médica, ambulatorial e até
hospital em regime semi-privativo, aos funcionários das empresas de transporte
coletivo de Porto Alegre e familiares seus. Defendeu contra este Projeto e
votou a favor.
Esperamos que, se o Projeto
vetado for, pelo Prefeito, transformado em Lei agora pela Câmara, o Vereador
ajude a manter o Veto e construir uma identidade com o seu procedimento
anterior. A segunda questão é que o Ver. João Dib vai fazer um Substitutivo,
mas não ao conteúdo do Processo, ele vai fazer uma homenagem a uma outra
pessoa, e esta pode ser feita em qualquer tempo e até poderia ter sido feita
antes deste Projeto estar em pauta, em votação, em discussão. O Vereador já foi
Vereador em outras Legislaturas, já foi Prefeito, já tomou a iniciativa de
promover homenagens a outras expressões públicas ou sentimentos da humanidade
como o Monumento à Mãe, ali na Praça da Rodoviária, e poderia ter proposto que
Plácido de Castro tivesse realmente uma homenagem nesses longos anos de vida
pública que tem a serviço da Cidade que diz amar e reconhecemos que ama.
Agora, Ver. João Dib, é um apelo:
este não é um Substitutivo, ele não se refere ao Projeto do Ver. Gert Schinke,
ele é outro Projeto, é outra homenagem, a outra pessoa, em outra situação.
Creio que, se a Mesa assim entender, encaminhando como Substitutivo, embora
regimentalmente até esteja abrigada, ela estará cometendo um equívoco político
dos mais fantásticos, uma vez que se pretenda fazer um beija-flor, se fará um
morcego.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Evidentemente, V. Exª não está querendo que Plácido
de Castro seja um morcego, Chico Mendes um colibri, mas eu encaminhei esses
dias, dizendo que encaminharia favorável, mas entendi que era uma aberração.
Fazem-se muitas leis nesta Casa sem necessidade e é preciso não confundir leis
com histórias em quadrinhos feitas em quantidade para agradar. Quanto ao
Substitutivo por mim apresentado, eu apresentei um projeto de lei dando a uma
praça o nome de Praça da Imprensa e o Ver. Glênio Peres de saudosa memória
entendeu que deveria substituir o nome e passou a se chamar Praça Associação
Riograndense de Imprensa. Inconformado entrei na Justiça, ganhei a liminar
impedindo a votação e depois perdi no mérito.
Então, está correta a colocação
deste Vereador quando propõe o Substitutivo homenageando o maior, aquele que
tornou possível que o Acre fosse anexado ao Brasil. E, como disse o nobre
Vereador, Professor de História, Giovani Gregol, o Napoleão também não estava
sozinho nas suas batalhas e nem o Churchill venceu sozinho o Roosevelt na
segunda grande guerra.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Vamos lhe refutar a
seguinte afirmação: morcego e colibri são entes distintos e não porque um é
pior ou melhor do que outro. Segunda questão, não existe maior entre dois
homens. Dois homens podem se diminuir um em relação ao outro, mas, no sentido
objetivo, homens nascem iguais e deveriam ser aqueles que têm direitos iguais e
preservarem os direitos iguais dos demais. Portanto, não é Plácido de Castro
maior que Chico Mendes e nem Chico Mendes maior que ele a não ser que as suas histórias
tenham registrado isto. Agora, antecipadamente, um e outro por antecedência em
tempos diferentes, não serão equiparáveis do ponto de vista de serem homens
somente.
No nosso entender a Praça da
Imprensa, que V. Exª citou em vosso aparte, substituída pela Praça Associação
Riograndense de Imprensa, estabelece um objetivo de mesmo conteúdo, de nexos
comparativos semelhantes. Agora, duas pessoas são distintas, vivem em épocas
diferentes, agora a Imprensa e a Associação Riograndense de Imprensa que pretende
reunir a imprensa, vivem no mesmo tempo, no mesmo momento, e merecem homenagens
distintas talvez, mas podem caber na mesma homenagem.
Eu apelaria, Ver. João Dib, em
nome das relações dessa Casa, com a verdade, com o Regimento, com o conjunto de
relações que os Vereadores têm que ter com a lei, a retirada da vossa
proposição e admito que votem contra, inclusive, como me abstive de votar
naquele que foi o projeto anteriormente deliberado por esta Casa que se
transformará em Lei do Conselho de Entorpecentes que eu diria contra o uso e
abuso dos entorpecentes, porque é uma medida autorizativa do Prefeito, à medida
autorizativa sim, se explicaria uma contrariedade, na medida que não é lei, não
força, não obriga, não se transforma imediatamente em conteúdo, para que o
Executivo a realize. O Prefeito está possibilitado de fazer, como poderá não
fazer, não está obrigado, não existe lei, e tivemos este comportamento na Lei
Orgânica, e V. Exª teve a possibilidade de discutir esta questão deste ponto de
vista, que talvez fosse o mais efetivo e mais eficaz em relação à deliberação
que vamos tomar, mas propôs que em vez de um beija-flor, se fizesse um morcego,
e vice-versa para não comparar mal comparado. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Apregoamos o recebimento da
Emenda de Liderança, que recebeu como Substitutivo nº 01, de autoria do Ver.
João Dib, projeto em que fica o Executivo Municipal autorizado a edificar
equipamento público cultural, destinado a homenagear, digo, anexador do território
do Acre ao Brasil, Plácido de Castro.
Parágrafo único: a área de que
trata este artigo faz parte de um todo cujos limites estão graficados em planta
anexa ao presente Projeto, localizando-se no loteamento Jardim Leopoldina I e
II, entre as Ruas Ildefonso Luiz e José Pereira Borba. Art. 2º – O referido
equipamento cultural será denominado Memorial Plácido de Castro. Art. 3º – As
placas denominativas conterão abaixo do nome os seguintes dizeres: herói
nacional, natural de São Gabriel, conquistador do Acre. Art. 4º – O Executivo
instituirá fundo especial. E seguem-se artigos que repetem os demais artigos do
Projeto de Lei original.
Em face de a Mesa receber o
presente Substitutivo, de autoria do Ver. João Dib, a Mesa aplica o princípio
estabelecido no art. 98, do Regimento Interno, e, considerando que a proposição
principal encontra-se em Discussão Geral, suspende a discussão do presente
Projeto para que o Substitutivo seja incluído na Pauta e discutido durante duas
Sessões consecutivas na forma regimental.
VOTAÇÃO
PROC. Nº 1298/90 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 080/90, de autoria do Ver.
José Valdir, que estipula sanções a estabelecimentos comerciais e industriais
que praticarem atos de violência e discriminação contra mulheres no Município
de Porto Alegre.
Pareceres:
- da CJR.
Relator Ver. Décio Schauren: pela aprovação;
- da CUTHAB.
Relator Ver. João Dib: pela rejeição;
- da CEDECON.
Relator Ver. Leão de Medeiros: pela aprovação;
- da COSMAM.
Relator Ver. Gert Schinke: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLL nº 080/90. Com
a palavra, para encaminhar, o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu vou encaminhar contrariamente ao Projeto de Lei apresentado pelo
eminente Ver. José Valdir. Não que não reconheça méritos na preocupação do Ver.
José Valdir e mesmo que não reconhecesse mérito hoje eu teria até que modificar
a minha colocação, porque recebi várias solicitações escritas de apoio ao
Projeto de Lei do Ver. José Valdir. Isso, então, se eu não tivesse dito que
reconhecia o mérito, faria com que eu pesasse exatamente a situação e,
provavelmente, se não tivesse reconhecido, passasse a reconhecer méritos. Mas
isso não alteraria a minha posição de que há dificuldade, para o Executivo, de
fiscalizar. Nós não temos condições de fiscalizar e eu mesmo tenho feito
solicitações, por exemplo, à Secretaria
Municipal de Obras e Viação - SMOV -, de obras que são construídas nesta
Cidade aos olhos de todos nós, e a fiscalização da Prefeitura não tem
eficiência. Então, nós estaríamos fazendo mais uma lei para não ser cumprida. E
eu tenho dito, reiteradas vezes, que não se podem fazer leis como histórias em
quadrinhos, feitas em quantidades para agradar. Então, nós estaríamos fazendo
uma lei que agradariam àquelas pessoas que se sentem discriminadas, mas
teríamos absoluta certeza, até pela vivência que tivemos, de que a lei não
seria cumprida. Então, talvez seja muito cruel para alguém ser discriminado,
espezinhado, tendo uma Lei municipal, do que não tendo. Ele sofre menos. A Lei
me protege, a Lei me defende e ninguém me defende, mas é só o papel escrito que
recebeu a lei. O Município não tem condições de fiscalizar, então, reconheço o
mérito e não vou discutir a quem cabe, na forma da Constituição, a aplicação da
Lei, tem mérito e volto a dizer, se não entendesse que tem mérito passaria a
entender assim dado a série de manifestações escritas de entidades que recebi
ontem e hoje, mas continuo pensando que o Município não tem condições de
aplicar a Lei, não tem condições de fiscalizá-la, não lhe compete fiscalizar e
deve ser cuidado pelos sindicatos, pelas entidades representativas que, às
vezes, estão esquecendo de cuidar dos seus sindicalizados, dos seus
representados. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo Vereador inscrito é o
Ver. Artur Zanella pela Frente Liberal.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
a situação anda meio kafkaniana ultimamente o Ver. José Valdir há pouco me
pedia apoio para esse Projeto e tenho todos os motivos, menos dois para votar
contra esse Projeto. Porque eu imaginava, efetivamente, Ver. João Dib que a
Prefeitura não tivesse condições de fiscalizar e eis que recebo em minha mesa,
lá, uma simpática análise e apreciação do Sr. Secretário da Secretaria Municipal
da Produção, Indústria e Comércio - SMIC - dizendo que o Projeto é bom e lhe dá
condições de fiscalizar as agressões feitas às mulheres que trabalham nas lojas
de Porto Alegre. Não tem condições de fiscalizar nada, faz um ano que não
consegue tirar uma banca de venda de frutas na área industrial da Restinga, mas
agora o Sr. Secretário vai fiscalizar.
Em segundo lugar, o Projeto, como
bem diz a Auditoria, é absolutamente inócuo. Compete à União legislar sobre
este assunto. Em terceiro lugar, nós estamos nesta Casa fazendo uma defesa de
todos os tipos de pessoas que são discriminadas. Não conseguimos efetivar
nenhuma, mas estamos vigilantes. Sou a favor do Projeto por seus objetivos, por
sua intenção, porque ao menos Porto Alegre vai dar a impressão à Cidade, ao
Estado e ao País, de que vai efetivamente proteger as mulheres trabalhadoras.
Vai proteger mais? Não vai proteger nada, mas ao menos a intenção fica.
Efetivamente, esse tipo de discriminação existe, é criado, é igual à racial,
por exemplo, ela é inerente à pessoa, aprende-se desde criança. O Senador Darcy
Ribeiro, do PDT, por exemplo, ontem, ao chegar em Porto Alegre, disse que “tem
que votar naquele nego bom” - já é uma bronca - que era o Dr. Collares. Isso é
uma discriminação. Aliás, dizem: uma situação negra, para uma situação difícil.
Isso ocorre. É o chamado ato falho.
Então, vou votar a favor. Recebi
uma carta de Novo Hamburgo, não de Ivoti e de Dois Irmãos, lhes determine
(sic). Se ela votar contra este Projeto, não é porque seja retrograda, irresponsável
e anti-social, os Vereadores votarão, se votarem contra, porque não gostaram do
Projeto. Eu vou votar a favor do Projeto. Agora, eu não vou devolver esta carta
que eu recebi por uma questão de cortesia, que eu não faço isso para ninguém,
mas peço por favor que quando se dirigirem a esta Casa, outra vez, não façam de
uma forma tão irresponsável como fizeram. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro
Hagemann, que encaminha pelo Partido Comunista Brasileiro.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, eu, rigorosamente, não precisava vir a esta tribuna porque a
minha posição é conhecida. Eu não tenho nenhuma razão de deixar de votar este
Projeto, até porque eu o considero não como uma peça jurídica indispensável à
continuidade da vida do Município, ele é, isto sim, um balizamento de ordem
ética, moral, para que a cidadania porto-alegrense se comporte numa determinada
direção.
A mesma coisa que ocorre com este
Projeto do Ver. José Valdir ocorreu com um Projeto de minha autoria e que está
em pleno vigor no Município para combater a discriminação racial, que já foi
até utilizado numa emergência para que alguém fosse beneficiado com a
existência desta Lei. Ela não elimina a discriminação racial como este Projeto
do Ver. José Valdir não vai eliminar a discriminação contra as mulheres, mas é
um instrumento de coação psicológica, é um instrumento que as próprias mulheres
vão ter que saber usar em seu benefício porque não vai haver nenhum organismo que
vá controlar por elas a discriminação, elas é que vão ter que exercer a maior
fiscalização, elas é que vão ter que denunciar os atos discriminatórios que
contra elas praticarem e, aí, o Poder Público, no âmbito municipal, terá um
instrumento para coibir essa discriminação, terá a faculdade, se for um
estabelecimento comercial, chegar até a cassação do alvará de funcionamento,
que é o que compete ao Município. Ninguém vai prender ninguém por discriminar
as mulheres, porque isso é objeto de outro âmbito de justiça e de aplicação das
medidas, mas é um balizamento, é um instrumento que está aí à disposição, mais
um. É nesse sentido que declaro daqui da tribuna o meu apoio natural ao Projeto
do Ver. José Valdir. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Edi Morelli
para encaminhar o Projeto.
O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
falo em meu nome, porque o Líder da minha Bancada é contra o Projeto que ora
estamos encaminhando. Eu voto a favor do Projeto e explico por que voto a favor
do Projeto. Porque foi este Vereador que solicitou em um Pedido de
Providências, para que a Lei de autoria do Ver. Lauro Hagemann fosse cumprida,
quando da discriminação racial das Lojas Americanas. Porque até então
Vereadores nesta Casa não sabiam desta Lei. Sabemos que essa Lei não vai
resolver o problema quanto à discriminação da mulher, mesmo porque o atual
Governo Municipal, e a cada vez que eu tenho oportunidade eu digo, não cumpre
as Leis nesta Cidade. Eu tenho projetos de lei do ano passado que já me deu
vontade de fazer o que a Verª Letícia Arruda fez, trazer um bolo para cá e
comemorar um ano e não cumpridas as Leis. O Ver. José Valdir, ontem, defendendo
o seu Projeto de Lei abolindo a gravata, falou do meu Projeto de Lei, que votou
a favor, o Projeto das Camisinhas, que foi gozado bastante quando da aprovação,
mas que trazidos a esta Casa médicos da Secretaria Estadual da Saúde, estes
deram uma conotação de que as doenças venéreas matam muito mais do que a AIDS e
todo mundo está preocupado com a AIDS.
Mas voltando ao assunto que
estamos encaminhando que é o Projeto de Lei do Ver. José Valdir. Se aprovada
esta Lei e houver a discriminação contra a mulher, a própria mulher pode fazer
com que o Prefeito faça com que a Lei seja cumprida, como foi o caso das Lojas
Americanas. Por isso, Ver. José Valdir, este Vereador vota a favor do seu
Projeto de Lei e eu repito é a opinião minha, porque o Líder da minha Bancada
vota contra. Rachamos a Bancada do Partido
Trabalhista Brasileiro - PTB - ao meio em benefício do seu Projeto de
Lei e em benefício da mulher, o chamado sexo frágil.
Eu volto a insistir no
cumprimento da Lei: há uma série de leis votadas nesta Casa de janeiro de 1988
que não são cumpridas pelo Governo Municipal e eu tenho medo, Ver. José Valdir,
de que esta Lei, se aprovada, vai ser mais uma Lei jogada ao espaço, porque não
vai ser cumprida. Mas dá direito a um Vereador desta Casa ou a própria mulher
discriminada fazer com que o Governo cumpra a Lei. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encaminha, pelo Partido
Democrático Trabalhista - PDT - o Ver. Dilamar Machado.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, encaminhamos favoravelmente ao Projeto do Ver. José Valdir,
até porque tenho todas as razões para votar a favor.
Primeiro, porque quero bem ao
autor do Projeto, acho que é um político sério, competente e que tem origens
que me agradam muito, suas origens são lá na vila, ao lado do povo. É meu
adversário político, adversário do Partido, mas não me custa nada dizer, e não
me constrange, que é um excelente político, um quadro que o PT terá por muito
tempo preservado.
A segunda razão é de ordem
pessoal e de observação da sociedade brasileira, e quero lembrar às mulheres
aqui presentes, que aqui, em Porto Alegre, houve um tempo, não muito distante
de nossos dias, que havia, na municipalidade um carro fúnebre branco, que só
transportava as virgens para o cemitério. Esta era uma discriminação absurda.
Mas imaginem se eu dissesse isto há trinta anos atrás, talvez fosse decapitado
em praça pública, porque tinha que existir um carro fúnebre para virgens. Eu
não sei como é que funcionava na ocasião, se havia uma inspeção, um perito
determinava, ou se ia mais pelo uso do costume. Houve um tempo, minhas amigas,
mulheres presentes, em que a mulher não votava. Foi no nosso século, logo após
a Revolução de 30, mas o gaúcho Getúlio Vargas acabou incluindo na Constituição
o direito de voto às mulheres. Então, imaginem, agora, no domingo, 52% do eleitorado
é feminino, se aquela discriminação permanecesse, só os homens iriam votar, e
as mulheres ficariam em casa fazendo o almoço para esperar o eleitor ou o
eleito ou o não eleito.
Então, acho que o Ver. José
Valdir foi feliz, já se discute a questão jurídica se essa norma é impositiva
ou não. Na realidade, a divulgação pela imprensa, a publicação da Lei, a tomada
de conhecimento da Lei pelos patrões, já leva um maior cuidado na discriminação
feminina. Para encerrar, vou dar a última razão do meu voto: ontem, eu fui ao
Supermercado Zaffari, na Av. Cristóvão Colombo, era final de tarde,
aproximadamente 20 horas. Eu vi que a mocinha da caixa estava profundamente
cansada, extenuada, era uma menina que talvez tivesse dezessete anos ou dezoito
anos de idade. Então, eu perguntei àquela moça: qual o teu turno de trabalho,
aqui no supermercado? Ela disse: eu estou virando o turno. Ou seja, ela tinha
entrado na caixa às 8 horas da manhã e eram 8 horas da noite, aquela menina
estava ali sentada patrocinando os grandes lucros dos seus patrões. Isto é uma
absurda discriminação e uma estupidez contra a condição humana. E aqui esta Lei
pode valer. Mas deve valer acima de tudo a fiscalização do Sindicato dos
Comerciários. Não precisa o Ver. Dilamar Machado ir lá, ou qualquer outro
Vereador, ou qualquer pessoa da sociedade perguntar a uma caixa quanto tempo
ela está trabalhando. Mas a fiscalização do Sindicato dos Comerciários deveria
saber que lá no Zaffari da Av. Cristóvão Colombo, ontem, uma menina trabalhou
das 8 horas da manhã às 8 horas da noite, provavelmente com um intervalo de
quinze minutos para um lanche e outro para ir ao banheiro.
Por essas razões e por tantas
outras conhecidas, o nosso voto, o voto do PDT, por certo, é de apoio ao
Projeto do Ver. José Valdir. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito para
encaminhar é o Ver. Airto Ferronato, pelo Partido do Movimento Democrático
Brasileiro - PMDB.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, eu já tive a oportunidade de me manifestar a respeito deste
Projeto de Lei quando nós discutimos o mesmo na semana passada.
Sou favorável ao Projeto, porque
acredito que é efetivamente um avanço na sociedade e para a cidade de Porto
Alegre. Mas, eu estou aqui, neste momento, para dizer mais uma vez, em poucas
palavras, o que eu falei durante dez minutos na semana passada. Falo com
relação ao Parecer da Auditoria da Casa. E a Auditoria da Casa diz que a
matéria por estar inserida dentro do Direito Constitucional e Penal é da
competência privativa da União. E eu já me manifestei na semana passada e volto
a dizer: sou favorável ao Projeto pelos seus méritos e acredito, tenho absoluta
consciência, que a competência para legislar sobre esta matéria, da forma como
está apresentada pelo Ver. José Valdir, é da competência do Município e não da
União.
Então, nós entendemos que, a
partir deste detalhe, também é que nós devemos ser favoráveis a este Projeto,
porque, na verdade, este Projeto de Lei não trata sobre matéria penal, ele
apenas disciplina as sanções que o Município, o Poder Executivo, implementará
quando da ocorrência destes fatos lesivos à sociedade no seu todo. Portanto,
uso a tribuna para me manifestar única e exclusivamente sobre este aspecto
sobre o qual nenhum dos Vereadores que me antecedeu falou - a competência para
legislar sobre o Projeto é do Município e andou certo o Ver. José Valdir. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. José Valdir
para encaminhar o Projeto.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, companheiras e companheiros que estão assistindo a esta Sessão.
Durante as discussões a respeito deste Projeto, tem sido enfatizado que o mesmo
não estaria em plena legalidade, ou feriria alguns dispositivos de ordem legal
e que seria inócuo.
Eu quero dizer que este Projeto é
perfeitamente legal, é um instrumento eficiente, agora, não é um projeto
milagreiro. Em primeiro lugar, quanto à legalidade deste Projeto, basta
consultar a nossa Lei Orgânica, promulgada neste ano e analisar o art. 150, que
já estabelece o princípio geral de que todas as empresas que pratiquem atos de
discriminação, seja ele que tipo for, merecem a cassação do alvará. Isto está
na nossa Lei Orgânica, então o Projeto é perfeitamente legal. Quanto à
realidade, este Projeto se justifica mais ainda porque é um projeto socialmente
justo, que vem responder a uma realidade cada vez mais insana, cada vez mais
injusta e, se esta realidade não transparece na sua totalidade, para o conjunto
da sociedade, em forma de denúncia, é por uma razão muito simples; é porque,
muitas vezes, as companheiras se sentem intimidadas para fazer a denúncia,
temendo perder o emprego.
Esta realidade, e nunca é demais
repetir, é por demais injusta, onde as mulheres, companheiras trabalhadoras,
são obrigadas a passar por situações vexatórias, deprimentes, como disse o Ver.
Dilamar Machado, que depois de doze horas de trabalho, ainda são obrigadas e
submetidas a uma revista para comprovar que não estão roubando nada. Isso
acontece em, praticamente, todas as empresas deste País, inclusive no setor do
comércio, onde a denúncia é feita, não só pelo Sindicato dos Comerciários, mas
em outros setores, preocupando todos os sindicatos de uma maneira geral no
País. Isso aconteceu na Demillus, no Rio de Janeiro, que acabou sendo fechada
momentaneamente, por praticar esse tipo de violência contra a mulher. E isso
acontece diariamente. Se pegarmos o jornal Zero Hora, por exemplo, lemos
anúncios como este aqui, um anúncio típico da discriminação contra a mulher,
solicitando uma secretária: “com mais de trinta anos, responsável, tipo ‘Joana
faz tudo’, (no bom sentido) paga-se salário (que dá para fazer quase tudo)” – e
ainda exige que seja solteira. Além do aspecto vexatório de tentar desmerecer
um ser humano, que é a mulher, está bem clara a discriminação, porque em
relação aos homens não se pergunta, para fazer jus a determinado emprego, se
são casados ou solteiros. Agora, em ralação à mulher, se faz este tipo de
discriminação, já na hora de contratação. Durante o emprego, se continua com a
discriminação exigindo o plano teste, que é ilegal, mas que se exige e que
serve para demitir companheiras trabalhadoras, quando se constata que elas
estão grávidas.
E quero dizer que este Projeto,
ao contrário do que se afirma, é extremamente eficiente, diria muito mais
eficiente do que a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT -, muito mais
eficiente do que a Delegacia Regional do Trabalho, porque as punições previstas
afetam diretamente o capital, ao estabelecer pesadas multas, ao paralisar o
funcionamento da empresa, estancando a acumulação do lucro. Produz um efeito
educativo sobre os empresários e sobre a sociedade, porque as empresas que
gastam milhões de cruzeiros para fazer propaganda positiva dos seus produtos,
terão contra si uma propaganda negativa ao serem autuadas em caso de
discriminação contra a mulher.
Então, é um poderoso instrumento.
Mas, como eu disse, não é milagreiro, porque quem faz milagre mesmo é o
movimento organizado. Quem vai acabar com a discriminação da mulher são as
próprias mulheres organizadas, apoiadas pelos homens lúcidos e conscientes. Sou
grato. (Palmas.)
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Wilson
Santos para encaminhar.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
demais presentes. Eu tive algumas dúvidas quanto à aplicabilidade desta lei.
Aplicabilidade da advertência, da multa, da cassação do alvará, desde que
praticada a violência e a discriminação. E as minhas dúvidas se prendiam à
dificuldade de se caracterizar esta violência e esta discriminação. Mas de
qualquer maneira, independentemente de eu ter estas dúvidas, eu entendo que o
próprio mecanismo, a existência de lei já é um passo para um maior respeito à
dignidade do ser humano, porque pelo menos é um mecanismo inicial, Ver. José
Valdir. Se tem o Poder de Polícia do Município, instrumentos, o elenco do que
vai ser aplicado.
Eu encaminho favoravelmente e
espero que se encontre uma forma prática de se comprovar com maior eficiência.
Vejam o caso do Bateau Mouche, houve processo, inquérito, a Nação
inteira ficou à espera da punição de alguém, de um grupo responsável. Vejo a
sociedade brasileira abismada, diante de uma decisão judicial que entendeu de
absolver àqueles que a própria sociedade entendia como culpados, pela simples
alegação de que faltou fiscalização. Caberia à autoridade fiscalizar e não
fiscalizou aqueles que mataram, tudo bem. E vejam que havia toda a comprovação.
E aqui que é difícil comprovar, eu tinha essas dúvidas, mas mesmo assim eu
espero que a sociedade passe a caminhar e a encontrar mecanismos de um
pragmatismo maior, para poder se aferir esta violência contra a mulher, e o
primeiro passo é, pelo menos, a existência de Lei. Por isso voto favorável ao Projeto
de Lei do Ver. José Valdir. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais oradores
inscritos para o encaminhamento, nós passamos à votação do Processo nº 1298/90,
de autoria do Ver. José Valdir.
Com a palavra o Ver. José Valdir
para um Requerimento.
O SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento): Sr. Presidente, eu
requeiro votação nominal.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento de
votação nominal do Ver. José Valdir. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Solicito ao Sr. Secretário que
proceda à chamada nominal para a votação do PLL nº 080/90.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal e
colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 24 Srs. Vereadores votaram
SIM, 01 votou NÃO e 02 optaram pela ABSTENÇÃO.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Projeto.
(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Antonio
Hohlfeldt, Artur Zanella, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren,
Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii,
Gert Schinke, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, José Alvarenga, José Valdir, Lauro
Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Vicente Dutra, Vieira da Cunha,
Wilson Santos, Wilton Araújo e Adroaldo Corrêa. Votou NÃO o Vereador João Dib e
ABSTIVERAM-SE de votar os Vereadores Luiz Braz e Luiz Machado.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação Requerimento, de
autoria do Ver. Adroaldo Corrêa, solicitando a dispensa de distribuição em
avulsos do PLL nº 080/90 e interstício para sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento, de autoria do Ver.
João Motta, solicitando que o Processo nº 2285/90, Projeto de Lei do Executivo
nº 072/90, seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião
conjunta das Comissões.
O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam, permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento, de autoria do Ver.
João Motta, solicitando que o Processo nº 2284/90, Projeto de Lei do Executivo
nº 071/90, seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião
conjunta das Comissões.
O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento, de autoria do Ver.
Luiz Machado, solicitando que o Processo nº 2299/90, Projeto de Lei do
Legislativo nº 161/90, seja considerado em regime de urgência e submetido à
reunião conjunta das Comissões.
O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento, de autoria do Ver.
Edi Morelli, solicitando renovação de votação do Substitutivo nº 01, Processo
nº 0982/89 - PR nº 002/89, visto que a aprovação do mesmo trará sérias mudanças
no comportamento desta Casa Legislativa, pois a história dos parlamentos também
está ligada a sobriedade de seus Pares e a gravata faz parte da indumentária
parlamentar.
O SR. PRESIDENTE: Em votação.
O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, requeiro votação
nominal.
O SR. PRESIDENTE: Deferido o pedido de votação
nominal, do Ver. Wilton Araújo.
O Ver. José Valdir encaminha pela
Bancada do Partido dos Trabalhadores.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
eu entendo como perfeitamente legal e legítimo o pedido de renovação de votação
de qualquer matéria. Agora há uma coisa que a gente chama bom senso, e eu
pediria que os meus colegas Vereadores refletissem sobre isso, porque em duas
semanas, já é o segundo projeto que eu apresento, é aprovado e depois que se
pede renovação de votação. Eu pediria que os Srs. Vereadores meditassem sobre
isso. Em primeiro lugar, nós vamos estar criando um sério precedente, porque as
coisas quando são repetidas desta forma viram uma espécie de abuso, deste
dispositivo, quer dizer, a qualquer momento se pede renovação de votação seja
para uma questão simples como esta da gravata, seja para uma matéria importante
como a do sábado-inglês que eu nem questionei. Aquela era de fato uma matéria
polêmica. Criado ou não - na minha interpretação foi - havia um clima negativo
na Cidade. Agora nós não podemos abusar desse dispositivo e a todo momento
pedir renovação de votação. Em duas semanas, é a segunda vez que se pede
renovação de votação para um Projeto meu. Acho que esse pedido de renovação,
dessa forma, começa inclusive a pegar mal na opinião pública, porque se as
pessoas votam de um jeito, depois, se pede renovação de votação, se desvota
tudo não há seriedade nesta Casa. E já que se fala tanto na opinião pública,
este comportamento vai começar a criar problemas na opinião pública.
Então, eu pediria que os
Vereadores tivessem a lucidez - sem nenhuma pretensão neste adjetivo - e que,
primeiro, não se usasse tantas vezes e tão seguidamente esse dispositivo da
renovação de votação, e, segundo, nesse caso, não se renovasse a votação,
porque nós vamos estar renovando a votação de um Projeto do Ver. José Valdir
duas vezes em duas semanas. Eu acho que esse dispositivo, usado dessa forma,
não contribui para o bom funcionamento da Casa e da democracia. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Luiz
Machado para encaminhar.
O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu acompanhei atentamente o encaminhamento do Ver. José Valdir,
referente ao Requerimento que dá direito, novamente, a nós votarmos. É um
direito legislativo e, portanto, a Bancada do PDT é favorável à votação desse
Requerimento que nos dá direito de voltar a discutir e votar o Substitutivo do
Ver. José Valdir, votado anteriormente nesta Casa. Agora, o Vereador é
professor e a mim não cabe julgar, mas ele disse aqui algumas palavras que eu
não entendi: “abuso no bom sentido”. Eu queria saber o que é abuso no bom
sentido, porque não entendi. Porque acho que o Legislativo serve para fazer
leis, discuti-las e votá-las, e não podemos, quando queremos uma renovação de
votação, ser atacados, e mudarmos o voto quando não nos interessa. Portanto, o
PDT é favorável ao Requerimento, e vamos votar para mudar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Artur
Zanella para encaminhar.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, estou votando agora a renovação de votação, e como sempre faço - e
alerto a Bancada do PT que não estamos votando o mérito, vai chegar o dia em
que os senhores vão precisar votar alguma matéria que seja do interesse -, voto
sempre a favor da renovação de votação, seja de que assunto for. Acho que não
tem problema algum renovar, mas não estamos votando o mérito. Não gostaria que
daqui a algum tempo, por quaisquer problemas, uma mensagem do interesse do
Executivo não seja votada, em função de se julgar o mérito na hora da
renovação, e não na hora da votação comum. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 1º Secretário
que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação nominal.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os
votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 18 Srs. Vereadores votaram SIM e 08 Srs. Vereadores votaram NÃO.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Requerimento do
Ver. Edi Morelli.
(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Artur
Zanella, Cyro Martini, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino
Besson, Isaac Ainhorn, João Dib, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia
Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha e
Wilton Araújo. Votaram NÃO os Vereadores Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Flávio
Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, José Alvarenga, José Valdir e Adroaldo
Corrêa.)
O SR. PRESIDENTE: Requerimento, de autoria do
Flávio Koutzii, solicitando a realização de uma Sessão Extraordinária para
examinar os Processos nos 2284/90 e 2285/90, no próximo dia 23 do
corrente. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento, de autoria do Ver.
José Valdir, solicitando que seja manifestada a solidariedade desta Casa à luta
do Magistério Público Estadual contra a falta de seriedade com que o atual
Governo do Estado vem tratando as questões educacionais e salariais da
categoria, descumprindo os compromissos firmados no término da última greve. Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Requerimento subscrito pelo Ver.
José Alvarenga solicitando que o período do Grande Expediente, no dia 28 do
corrente, seja dedicado à campanha pela libertação de presos políticos, colonos
sem-terra, Otávio Amaral, José Kowalski, Moreira, acusados de matarem um
soldado da Brigada Militar em conflito ocorrido no mês de agosto deste ano.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Eu gostaria
para que esta Casa fosse perfeitamente esclarecida, que fosse esclarecido o dia
em que foi colocado e negado este Requerimento?
O SR. PRESIDENTE: Este Requerimento está sendo
pela primeira vez colocado em votação. Havia certamente o entendimento do Setor
de Relações Públicas da Casa com a data marcada, mas condicionado,
evidentemente, à aprovação do Requerimento em Plenário, razão pela qual o
presente Requerimento está sendo colocado em votação.
O SR. ELÓI GUIMARÃES (Questão de Ordem): Sr. Presidente, solicito que seja lido o teor do Requerimento.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Lê o Requerimento.)
O SR. VICENTE DUTRA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu entendo que pelo teor do Requerimento colocado há
uma anomalia na proposição do Requerimento, porque fala em “presos políticos”.
Eu requeiro que este Requerimento baixe à Comissão de Justiça para que se
examine a repercussão política deste termo “preso político”, porque são presos
acusados de crimes comuns, não por ser crime político.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu não tenho nada contra que o Processo baixe à Comissão
de Justiça, eu só acho que o Ver. Vicente Dutra se equivoca quando diz que a
Comissão de Justiça vai estudar a repercussão política, não é do...
O SR. PRESIDENTE: A Mesa indaga se o Vereador...
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu não terminei a
minha Questão de Ordem, Sr. Presidente. Eu quero reforçar, quero repetir a
colocação. Eu não tenho nada contra a colocação do Ver. Vicente Dutra, eu só
acho que não cabe à Comissão de Justiça analisar repercussão política. Cabe
analisar a questão jurídica e nesta eu não tenho nenhuma oposição à questão que
levanta o Ver. Vicente Dutra.
O SR. ERVINO BESSON (Questão de Ordem): Sr. Presidente, sinceramente, eu entendo que estes presos não são
presos políticos.
O SR. JOSÉ ALVARENGA (Questão de Ordem): Foi divulgado um manifesto assinado por dezenas de Sindicatos,
entidades democráticas e Partidos Políticos cujo título é “Liberdade para os
presos políticos”. Na verdade, isto seria uma posição da Câmara Municipal de
Porto Alegre favorável a este Movimento.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa recebe os esclarecimentos
de Vossa Excelência.
O SR. VICENTE DUTRA: Só para complementar o meu
Requerimento, Sr. Presidente, eu peço para a Comissão de Justiça examinar a
repercussão jurídica do uso da expressão “preso político”, no Requerimento.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa entende, face à
relevância do Requerimento formulado pelo Ver. Vicente Dutra, em ouvir o
Plenário sobre a remessa deste Requerimento à Comissão de Justiça da Casa.
O SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria de saber se este Requerimento, ainda que
verbal, é passível de encaminhamento.
O SR. PRESIDENTE: Como todo Requerimento, ele é
passível, ainda que verbal, de encaminhamento. Então, a Mesa recebe o
Requerimento formulado pelo Ver. Vicente Dutra, no sentido de que o presente
Requerimento do Ver. José Alvarenga seja encaminhado à Comissão de Justiça, e
passa, numa primeira preliminar, ao encaminhamento do Requerimento do Ver.
Vicente Dutra. Caso seja rejeitado o Requerimento do Ver. Vicente Dutra, a Mesa
assegurará aos companheiros o encaminhamento do Requerimento propriamente dito.
Em votação o Requerimento do Ver.
Vicente Dutra.
Com a palavra o Ver. José
Alvarenga para encaminhar.
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): O Ver. José Alvarenga vai encaminhar em nome do Partido dos Trabalhadores? Como o Ver. Adroaldo Corrêa
também queria encaminhar, eu só queria saber se é um por Partido?
O SR. PRESIDENTE: Certamente não seria por outro
Partido, porque o Regimento é claro nesse sentido.
O SR. ARTUR ZANELLA: Eu estava esperando
encaminhamento do Ver. Adroaldo, por isso me surpreendi.
O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar o Requerimento,
Ver. José Alvarenga.
O SR. JOSÉ ALVARENGA: Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, fizemos o Requerimento ora discutido, e suscitou numa outra
Sessão, por parte do Ver. João Dib, um encaminhamento contrário, e agora o Ver.
Vicente Dutra requer que seja o Requerimento encaminhado à Comissão de Justiça.
Eu tenho por hábito, e acho que esta Casa também tem agido dessa forma, discutir
o mérito, normalmente, dos Requerimentos e das propostas apresentadas, e não
utilizar de mecanismos regimentais, para, na verdade, discutir o mérito, porque
nós distribuímos, no início desta semana, um manifesto denominado “Liberdade
para os Presos Políticos”, que trata deste assunto.
É um manifesto que vem assinado
por uma série de sindicatos, entidades democráticas, Movimento de Justiça e
Direitos Humanos, que não são quaisquer entidades, neste Estado e nesta Cidade,
que subscrevem este manifesto. Nele, estas entidades buscam demonstrar o
caráter das prisões como um caráter político e nós vamos nos deter um pouco
nisto. Otávio Amaral é casado e tem um filho, Idone Bento é casado e tem três
filhos, Augusto Moreira é casado, com seis filhos e José Kowalski é solteiro.
Todos eles têm bons antecedentes, todos eles têm suas famílias acampadas no
Estado, a polícia sabe, portanto, o paradeiro dos acusados e de suas famílias.
Logo após a sua prisão, que se deu em agosto, quando houve a morte de um
soldado da Brigada Militar, o advogado dos colonos entrou com um pedido de
relaxamento da prisão, que foi negado, logo após entrou com um pedido de habeas corpus, que foi negado pelo Juiz,
todas as condições em que se deu esta prisão, inclusive a filmagem onde um dos acusados
está sendo preso, no momento exato em que se deu a morte do soldado, há
desmentidos por parte das testemunhas de terem reconhecido os colonos sem-terra
em questão como autores da morte do soldado e, apesar de tudo isto, o Juiz
negou a soltura destes colonos, para que eles pudessem responder ao inquérito
em liberdade. É isto que nós estamos discutindo. A Câmara Municipal de Porto
Alegre não é o Poder Judiciário, agora, o fato de haver prisões, com todos
estes precedentes e prisões que, na verdade, se dão em função de um ataque do
Governo do Estado e da União Democrática Ruralista - UDR - à reforma agrária, à
luta dos trabalhadores sem-terra pela terra, nós caracterizamos estas prisões
como prisões políticas. Na verdade, o que está sendo julgado é a luta dos
trabalhadores sem-terra, é a luta dos colonos pela Reforma Agrária.
Desta forma, nós encaminhamos
contrariamente ao Requerimento do Ver. Vicente Dutra, porque substitui uma
discussão de mérito, uma discussão política sobre a posição desta Câmara a
favor da Reforma Agrária e contra a prisão injusta destes colonos, prisão
política, por uma manobra regimental e a Comissão de Justiça, por mais
condições que tenha, não pode tecer um parecer político sobre um Requerimento
apresentado por um Vereador desta Casa. É um precedente perigoso, e uma manobra
que não se justifica e pedimos o voto contrário ao encaminhamento do Ver.
Vicente Dutra. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Vicente
Dutra para encaminhar.
O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nós entendemos que precedente perigoso é o que poderá ser aberto se
for votado, neste Plenário, nesta tarde, este Requerimento de nº 340/90, porque
ele cria uma figura nova que não existe mais no Brasil que é o preso político
no Brasil. Melhor seria se o Ver. José Alvarenga tivesse feito uma moção de
repúdio ou de apoio à soltura de presos políticos em Cuba. Eu tenho certeza que
mereceria toda a atenção e o apoio desta Casa. Mas é dirigido a um País onde não
existe preso político. Não vamos analisar como foi, mas o fato é que hoje, no
dia 21 de novembro de 1990, não existe qualquer preso político. Existem, sim,
presos que estão aguardando sentenças ou estão cumprindo penas por
infringências de normas previstas no Código Penal ou alguns infringindo normas
previstas no Código Civil que é o caso de não-atendimento à pensão de alimentos
ou depositário infiel. São os únicos casos que são encaminhados à prisão. De
modo que este Requerimento está incorreto sob pena desta Casa cometer uma grave
infração à legislação criando uma figura nova. Não existe a figura do preso
político. Não podemos nos insurgir contra o que não existe. Por isso peço aos
Srs. Vereadores para que aceitem o Requerimento que encaminho à Mesa para a
Comissão de Justiça, que é o foro competente para examinar a repercussão deste
Requerimento tocante a sua propositura e usando o termo “preso político”. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, solicito votação
nominal.
O SR. PRESIDENTE: Em votação, o Requerimento do
Ver. Artur Zanella. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Solicito ao Sr. Secretário que
proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação do Requerimento.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os
votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 12 Srs. Vereadores votaram SIM e 10 Srs. Vereadores votaram NÃO.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Requerimento do
Ver. Vicente Dutra, que solicita o encaminhamento do Requerimento do Ver. José
Alvarenga para estudo da expressão: “presos políticos”.
(Votaram SIM os Vereadores Artur Zanella, Cyro
Martini, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Isaac
Ainhorn, João Dib, Leão de Medeiros, Luiz Machado, Vicente Dutra e Wilton
Araújo. Votaram NÃO os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Clovis Ilgenfritz, Décio
Schauren, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, José Alvarenga, José
Valdir, Lauro Hagemann e Adroaldo Corrêa.)
O SR. JOSÉ ALVARENGA (Questão de Ordem): Eu perguntaria à Mesa como será o procedimento da Comissão de Justiça
no caso de retornar ao Plenário a questão como se comportaria.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa recolhe a Questão de
Ordem encaminhada por V. Exª e informa que encaminhará o presente expediente à
Comissão de Justiça para as devidas providências e encarecendo à S. Exª, o Sr.
Presidente da mesma, que agilize a nomeação de Parecer para que, com a maior
presteza possível, antes do dia 28, haja uma manifestação definitiva da Comissão.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento subscrito do Ver.
Gert Schinke solicitando seja o Grande Expediente da Sessão Plenária do dia 12
de dezembro, dedicado a homenagear Chico Mendes.
O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento da Verª Letícia
Arruda solicitando seja aprovada uma Moção de Apoio à Comissão Parlamentar de
Inquérito que investiga as origens das ossadas encontradas em valas
clandestinas no Cemitério Dom Bosco, Bairro de Perus, em São Paulo, a fim de
apurar os responsáveis por esse crime contra os direitos humanos.
O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento do Ver. Décio
Schauren solicitando que o Processo nº 1989/90, Projeto de Lei do Executivo nº
060/90, seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta
das Comissões.
O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, com a palavra o
Ver. Vicente Dutra.
O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, peço aos Srs. Vereadores que votem contrário ao Requerimento de
urgência deste Processo. Esse Processo está tramitando na Casa, e eu tive
oportunidade de dar Parecer na Comissão de Justiça, e cria simplesmente cento e
um novos cargos de gratificação no Departamento Municipal de Limpeza Urbana - DMLU.
Então, a informação que vem no
Processo é para confortar um setor que funciona no DMLU, que é destino final.
Ora, eu fui Diretor do Departamento
Municipal de Limpeza Urbana, o Ver. Vieira da Cunha também foi e não
precisou criar cento e um cargos para dar destinação final ao lixo. Se deu
muito bem a destinação final, havia unidade de reciclagem, posso até admitir,
examinaremos, o Partido Democrático Social
- PDS -, com todo o interesse a criação de algum cargo para a destinação final,
mas, puxa vida, quando o Sr. Prefeito Municipal alega reiteradas vezes que há
um inchaço da máquina, demitiu funcionários, que não consegue manter os 65%
previstos na Constituição, agora vem solicitar abertura de cento e um cargos, é
inconcebível.
Eu peço, então, que não se dê a
oportunidade da urgência e que esse Processo tenha a sua tramitação normal em
todas as Comissões, principalmente nas Comissões Técnicas. Por aí nós vamos
examinar o mérito, realmente, com calma, com tranqüilidade, se é importante, se
é necessária a criação de cento e um cargos de gratificação no Departamento Municipal de Limpeza
Urbana. Portanto, peço aos Srs. Vereadores que votem contra o pedido de
urgência. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, pelo PT, o Ver.
Giovani Gregol.
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, é interessante, mas o Ver. Vicente Dutra falou, enfatizou o número
de cargos e não entrou no mérito do Projeto. É o que dizia minha avó: “trocar
os pés pelas mãos”, ou o mérito. O Vereador não entrou no mérito da questão,
simplesmente não entrou no mérito.
E fazendo um parêntese, Vereador,
a nossa Administração nunca fez demissões em massa, fez demissões pontuais onde
cabia fazê-las. Fechado o parêntese, o que se trata aqui, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, é viabilizar um setor do DMLU, que até hoje, na prática, não tem
existido, porque não tem funcionado, que é o da destinação final. Por quê?
Porque a nossa Administração tem um compromisso, e daí sim, perdoem, um
compromisso com a modernidade, Ver. Vicente Dutra, de resolver realmente o
problema do lixo. Quando a Prefeitura se limitava, e até não faço uma crítica,
era uma limitação histórica, apenas a recolher o lixo e acumulá-lo nos lixões,
ou nos aterros sanitários, que na minha opinião não passam de lixões
melhorados, ou menos ruins, essa divisão não era necessária.
Agora, trata-se de se dar uma
destinação final para o lixo, inclusive através da destinação adequada que nós
sabemos que é a incineração, não a queima, a incineração, ou seja, a queima a
alta temperatura do lixo hospitalar, por exemplo, que é altamente perigoso. E,
hoje, a Prefeitura não tem condições de fazer isso, de realizar essa
incineração, porque não tem estrutura, não tem técnicos, não tem funcionários
capacitados para fazê-lo.
Então, quando o Ver. Vicente
Dutra diz, e ele não discute isso tudo que estou discutindo, para ele parece
que não é importante a saúde da Cidade, o risco de epidemia que a Cidade corre,
para ele não é importante. Para ele talvez fosse bom quando o lixo ia para os
lixões, para a Zona Sul. Aí o Ver. Vicente Dutra estava satisfeito, o lixo
hospitalar era enterrado, era escondido; isso nós temos o compromisso de não
continuar fazendo. Para isso a Prefeitura precisa criar novos cargos, sim, e
nós sabemos, Ver. Vicente Dutra, que esse Projeto está hoje indo de uma
Comissão para outra, da outra para outra Comissão, há uma troca, um
pingue-pongue e o Projeto não anda e a Prefeitura fica inviabilizada de cumprir
aquilo que é seu compromisso. E que inclusive é a função, é o objetivo do
consórcio que foi feito entre o Poder Público Estadual, Federal, Municipal e a
iniciativa privada, inclusive através dos hospitais particulares, de instalar e
funcionar o mais rápido possível a unidade de incineração do nosso lixo. Por
exemplo, com a estrutura atual - é ou não é verdade? Quem? Desafio alguém que
me negue isso. - Com a estrutura atual do Departamento, isso é totalmente
impossível, ou seja, V. Exª está procrastinando no sentido de que isso vá para
1991, para 1992, e não se resolva esse problema, essa é que é a verdade.
Faço apelo para que se aprove
esse pedido de urgência e se discutam todos os méritos. Nós não nos negamos a
que o Ver. Vicente Dutra queira discutir com toda calma e serenidade e a
profundidade necessária, sim, uma coisa que é normal e comezinha nesta Casa,
que é a sessão conjunta das Comissões, por exemplo, através de um pedido
normalíssimo de urgência. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. VICENTE DUTRA (Requerimento): Sr.
Presidente, solicito verificação de “quorum”.
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 1º Secretário
que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação de “quorum”.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à
verificação de “quorum”.) Há 15 Srs. Vereadores presentes, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Não havendo “quorum” para
continuação dos trabalhos da Ordem do Dia, encerramos a presente Sessão.
(Levanta-se a Sessão às 18h41min.)
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